Na volta do feriado e apesar do bom desempenho dos mercados lá fora na sexta-feira, o dólar subiu 0,30%, nesta segunda-feira (18), na quarta sessão consecutiva de alta, encerrando nos R$ 4,206, maior cotação da história do Plano Real.
O recorde anterior havia sido registrado no dia 13 de setembro de 2018, quando a moeda encerrou os negócios a R$ 4,1957. No melhor momento do dia, a divisa caiu a R$ 4,1717.
No ano, o dólar acumula alta de 8,56% sobre o real. No mês, o avanço é de 4,89%.
O mercado já se questiona se o Banco Central (BC) vai anunciar alguma operação para conter a alta na divisa.
Para analistas não houve um evento específico que puxasse o dólar nesta segunda-feira, mas o Brasil segue penalizado pelas turbulências políticas e sociais nos países vizinhos, como Chile, Bolívia, que afastam o investidor da América Latina. A expectativa é que a instabilidade no Chile demore ainda mais dois anos.
O dólar começou a ganhar força depois que o presidente chileno Sebastián Piñera aceitou mudar a Constituição e após a renúncia de Evo Morales da Presidência da Bolívia no domingo (10).
A falta de liquidez também foi apontada como um dos motivos que podem explicar o dólar mais caro.
Além disso, continuam as incertezas em relação às negociações entre EUA e China que poderão acabar com a guerra comercial entre as duas potências, que vem afetando o crescimento econômico das economias no mundo inteiro.
Nesta segunda-feira (18), a CNBC noticiou que fontes do governo na China estão pessimistas com as negociações. A relutância do presidente dos EUA, Donald Trump, em remover tarifas e o processo de impeachment nos EUA foram citados como razões de preocupação.
No sábado (16), a indicação era de as partes haviam tido “discussões construtivas” sobre o acordo, sinalizando que a primeira fase do acordo estaria perto da reta final.
Também aumentando aversão a risco, que leva os investidores a se refugirem no dólar, considerado um dos investimentos mais seguros do mundo, estão os protestos em Hong Kong.
“Isso preocupa porque uma hora Pequim pode acabar intervindo, o que não seria nada amigável, podendo causar um problema diplomático bem grande. Vale lembrar que é um momento delicado da relação do EUA com a China, quando tudo parece estar acordado, os EUA mudam as regras, o que tem preocupado bastante”, diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus.
Por lá, os protestos pró-democracia crescem, com verdadeiro cenário de guerra nas ruas, com canhões e flechadas.
Sem expectativa de fluxo após frustração com leilões
Além do mais, a força do dólar ante o real segue sustentada pela falta de expectativa de considerável ingresso de capital no curto prazo, depois da frustração com a participação estrangeira nos leilões de petróleo do pré-sal, no começo do mês.
O mercado previa a entrada de muitos dólares dos participantes estrangeiros dos leilões, que se resumiram às chinesas CNODC e CNOOC, que entraram como parceiras da Petrobras nos principais blocos postos à venda.
*Com Reuters