Preocupado com o coronavírus na Bolsa? Histórico de epidemias mostra que mercado é ‘imune’
Confira os dados do Dow Jones Market Data com o desempenho do S&P 500, no médio/longo prazo, durante os 12 grandes surtos de escala global nos últimos 40 anos
O mercado financeiro pode até estar apreensivo com os efeitos, na bolsa de valores, do coronavírus, que já matou 132 na China e se espalhou por ao menos 16 países, mas o histórico de epidemias passadas mostra que, no médio/longo prazo, não há motivos para preocupação.
As principais epidemias dos últimos 40 anos tiveram impacto nulo no mercado acionário. De acordo com dados disponibilizados pelo Dow Jones Market Data, dos últimos 12 maiores surtos com escala mundial, apenas após a AIDS/HIV, lá atrás, em 1981, o índice americano S&P 500 registrou perdas, passados seis meses e um ano do fim do surto, de -0,20% e -10,73%, respectivamente.
As restantes 11 epidemias foram completamente “ignoradas” pelas bolsas. Ou seja, o mercado acionário é “imune” às síndromes globais.
Segundo o levantamento, seis meses após a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que atingiu o mundo em 2003 e matou 800 pessoas, surgida também na China e muito comparada ao atual surto de coronavírus de Wuhan, o índice S&P acumulou alta de 14,59%; um ano depois, a valorização era de 20,76%.
Estima-se que a doença impactou negativamente o crescimento global entre 0,1 ponto e 0,5 ponto percentual em 2003; na bolsa, no médio/longo prazo, nem rastros dessa “destruição” .
Com a gripe suína de 2009, a mesma tendência de alta: seis após o surto estar contido, o índice dos EUA subiu 18,72%; 12 meses depois, acumulou alta de expressivos 35,96%.
Em 2013, a bolsa também ficou “imune” a outro coronavírus, batizado de MERS, que afetou principalmente pessoas que moravam na Arábia Saudita, embora também tenham sido registrados casos em Qatar, Jordânia, Tunísia, Emirados Árabes Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Itália. Seis meses após esta epidemia, o S&P mostrou avanço de 10,74%; 12 meses depois, alta de 17,96%.
A dimensão do atual surto ainda está sendo avaliada. Os analistas do Julius Baer preveem que o mercado de ações da China pode sofrer uma queda de 10% a 15%, a depender de quanto tempo o surto do coronavírus levará a ser contido pelas autoridades chinesas. O presidente chinês Xi Jinping disse, nesta terça (28), que o país tem total capacidade para derrotar o coronavírus.
As Bolsas chinesas estão encerradas por conta do feriado de Ano-Novo Lunar e ampliação do recesso devido ao coronavírus e devem retomar as negociações na próxima segunda-feira (3).
O número de mortos subiu a 132 e há mais de 6 mil foram infectados, apenas 71 fora da China.
Várias companhias aéreas, como a British Airways, suspenderam os voos para a China e empresas estão evitando enviar funcionários ao país. Redes fecham lojas no país asiático por conta da queda da demanda, preocupada com o contágio da doença respiratória.
A Starbucks, maior rede de cafeterias do mundo, encerrou temporariamente metade dos seus mais de 4,2 mil cafés na China.
Cálculos do Danske Bank sugerem uma redução de 1 ponto percentual do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) da China no primeiro semestre.
Confira abaixo o desempenho do S&P 500 no médio/longo prazo após 12 epidemias nos últimos 40 anos: