Economia Bárbara
  

Seu Bolso

Medo do impacto do coronavírus derruba Bolsas; dólar bate R$ 4,21 e petróleo despenca

Segunda-feira negra nos mercados financeiros globais, com receios das consequências econômicas do contágio acelerado do surto na economia chinesa e no mundo; preços de ‘commodities’ tombam e a probabilidade de um novo corte da Selic na semana que vem subiu, puxando ainda mais a cotação da moeda americana; o Ibovespa tem maior queda desde outubro, com receios de queda das exportações para a China, maior parceiro comercial do Brasil

Bárbara Leite

Publicado

em

'Touro de Ouro', símbolo da alta do Ibovespa, 'se protege do coronavírus': Brasil segue exterior e surto domina humor do mercado–Foto: Pablo Syper/Mirae Asset

O dia é de aversão ao risco no mundo inteiro, com a escalada do coronavírus e o anúncio da China de que vai estender o feriado por mais três dias, elevando o medo do impacto econômico do doença na economia chinesa e no mundo. Bolsas de Valores e cotações de “commodities” (matérias-primas), como metais e petróleo, despencam. O dólar dispara e já bate R$ 4,21 na manhã desta segunda-feira (27), depois que o mercado passou a ver mais chance de um novo corte na taxa básica de juros, a Selic, no encontro da quarta-feira (5) da próxima semana.

Leia também: Coronavírus pode ter sido criado em laboratório depois de ‘roubado’ do Canadá; EUA têm 3º caso

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, abriu em queda de mais de 2% e volta para os 115 mil no fim de 2019, com receios de queda das exportações para a China, maior parceiro comercial do Brasil.

Pelas 10h30, o Ibovespa tombava 2,48% para 115.441 pontos, na maior queda desde outubro.

Nesta segunda, começa a temporada de balanços do quarto trimestre de 2019, com os números da Cielo (CIEL3); na quarta, saem os números do Santander (SANB11).

Leia também: Agenda econômica da semana: veja o que você precisa acompanhar

A agenda do dia tem ainda a entrada na B3 das novas ações do “follow-on” da Minerva (BEEF3).

Mortes sobem de 26 para 81; feriado é ampliado, viagens suspensas e impacto no PIB

O coronavírus de Wuhan, cidade chinesa onde foi detectado o primeiro caso em 7 de janeiro, se espalha rapidamente e já atinge 15 países de 4 continentes, além da China. O último balanço desta segunda (27), pelas 9h30, é que o número de mortos subiu para 81; na sexta (24), após o fechamento do mercado, eram 26; neste domingo (26), 56.

Neste sábado (25), o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que a situação é grave. A confirmação de que o novo vírus é contagioso mesmo antes de aparecerem os sintomas trouxe uma preocupação adicional.

Leia também: Temporada de divulgação de balanços do 4º tri começa neste mês: veja calendário

Nos EUA, os casos eram cinco neste domingo (26), com suspeita de outras 100 pessoas infetadas.

Nesta segunda, a China suspendeu viagens internacionais e de ônibus para tentar conter o vírus durante o feriado de Ano-Novo Lunar, que foi estendido por mais três dias até domingo (2). Os chineses já voltariam ao trabalho nesta sexta (31), o que deve afetar comércio, indústria e serviços, com risco de impactar a economia mundial.

Leia também: Onde investir em janeiro? Veja as ações recomendadas por 14 corretoras

Em Hong Hong, que decretou emergência, o feriado para as escolas vai durar até 17 de fevereiro.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) previa uma queda de 1,2 ponto percentual no PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) chinês com baixa de 10% no consumo de transporte e entretenimento no feriado, mas as viagens, só no 1º dia, caíram 30%.

Bolsas globais caem

As Bolsas globais caem nesta segunda, em que o feriado chinês deixou as Bolsa chinesa e de Hong Kong fechadas por lá. O mercado acionário japonês, que abriu, encerrou com queda de 2,03%. Na Europa, tudo no vermelho. Pelas 10h20, o índice da Alemanha recuava 2,29%; da Bélgica (-2,06%), da França (-2,33%) e do Reino Unido (-2,25%).

Leia também: 2020 terá duas ‘Super Quartas’: veja agenda das reuniões do Fed e do Copom neste ano

Os futuros dos índices de ações dos EUA despencam também. No mesmo horário, o futuro do índice Dow Jones caía 1,48% e o do S&P 500, tombava 1,43%.

Petróleo está no menor nível em 3 meses; ‘commodities’ têm 5º dia de queda

O índice de “commodities” acumula o quinto pregão de queda, pelo receio de queda do consumo com a escalada do coronavírus.

Leia também: 5 ações já subiram mais de 40% em 2020: veja quais

No petróleo, os investidores seguem precificando o pior dos cenários, com o coronavírus reduzindo o consumo de combustíveis. A “commodity” sofre forte queda na manhã desta segunda. Pelas 10h20, o petróleo tipo Brent, referência mundial e da Petrobras, recuava 2,54% para US$ 58,33, abaixo da marca dos US$ 60 o barril. Mais cedo, o petróleo chegou a cair mais de 3%.

O petróleo tem a maior queda desde abril e está no patamar mais baixo em três meses.

Leia também: Locaweb vai para a Bolsa em 6 de fevereiro: IPO tem ‘lock-up’ e pode levantar R$ 1,27 bilhão

Com risco de menor demanda chinesa por metais, mineradoras têm maior queda entre ações na Europa. A Vale, por aqui, pelas 10h30, registrava queda de 4%.

Probabilidade de queda da Selic sobe e dólar sobe

O dólar segue o exterior e avança contra as restantes moedas globais. A divisa é considerada refúgio em caso de turbulência. Por aqui, a moeda americana chegou a encostar em R$ 4,22 nesta manhã, depois que o mercado já passou a ver uma chance maior de corte na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) da quarta-feira que vem, 5 de fevereiro, diante da expectativa de que o coronavírus vai afetar a economia chinesa, e por consequência, as economias dependentes de “commodities”, como a brasileira. A probabilidade de um corte de 0,25 ponto na taxa, para 4,25%, subiu a 80%.

Esse aumento também explica a disparada do dólar ante o real nesta segunda (27).

É que um corte nos juros aqui sem que o Fed (banco central dos EUA acompanhe a trajetória, aumenta ainda mais o diferencial de juros aqui e nos EUA, reduzindo o apetite pelo chamado “carry trade”. Os investidores preferem deixar seu capital investido em títulos americanos ou em outros emergentes, que paguem um retorno maior.

Com expectativa de menos dólares entrando, o mercado “corre” para comprar a moeda americana, puxando a sua cotação.

Publicidade
Subscreva nossa Newsletter!
Cadastre seu e-mail para receber nossa Newsletter com dicas semanais.
Invalid email address

Mais Lidas