(Publicada às 14h19; Atualizada às 18h30)
Apesar da trégua pela manhã, o dólar virou e fechou em alta nesta quinta-feira (14), véspera de feriado de Proclamação da República no Brasil, em meio às turbulências do Chile, Hong Kong e dados mais fracos da economia chinesa, que refletem o efeito da guerra comercial do país com os EUA.
O dólar comercial fechou nos R$ 4,193, uma alta de 0,15% ante o pregão anterior e, renovou a segunda maior cotação da história do Plano Real, só perdendo para o dia 13 de setembro de 2018, quando a divisa terminou no patamar recorde de R$ 4,1957. Na máxima do dia, a moeda foi aos R$ 4,20.
Pela manhã, a moeda teve um alívio e chegou a cair a R$ 4,164, com o anúncio de atuação do BC chileno. Também o IBC-Br, prévia do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país), veio positivo em setembro (alta de 0,44%, acima das estimativas de 0,30%), sinalizando que o Banco Central deve fazer uma pausa nos cortes de juros, beneficiando o diferencial com as taxas americanas, que vem penalizando o real nos últimos tempos.
“O dólar sofre com a contaminação do Chile. Por lá, a moeda está desvalorizando mesmo com a atuação do Banco Central. Um fim de semana de três dias traz cautela ainda mais quando o planeta está pegando ‘fogo’: a polícia de Hong Kong pôs fogo em manifestantes, o irmão do Evo Morales foi para os EUA, o Chile está em chamas. Isso traz cautela e também eleva o dólar”, explicou Pablo Syper, diretor da Mirae e colunista do Economia Bárbara.
No Chile, seguiram os protestos violentos, que enquadraram o presidente Sebastián Piñera e o levaram a admitir mexer na Constituição, algo que assusta o mercado, que “foge” do país e dos vizinhos por tabela. O Banco Central chileno anunciou uma injeção de US$ 4 bilhões para conter a queda do peso, mas a moeda segue em queda nesta quinta.
Em Hong Kong, as manifestações pró-democracia deixaram as escolas e universidades fechadas pelo quarto dia. Na véspera, a polícia disse que o país estava à beira do colapso. A tensão voltou a subir nesta quinta, quando o jornal em língua inglesa “Global Times”, próximo às autoridades chinesas, disse que o governo de Hong Kong pode anunciar um toque de recolher no fim de semana.
Depois de mais de cinco meses de manifestações, o movimento de protesto na ex-colônia britânica começou a aplicar nesta semana uma nova tática, chamada de “eclosão em todos os lugares”, que consiste em ações simultâneas em vários pontos do território ao mesmo tempo.
Os protestos são executados por pequenos grupos, formados principalmente por estudantes. Nesta quinta-feira, várias avenidas foram bloqueadas com barricadas.
A China anunciou dados mais fracos da atividade econômica em outubro. As vendas no varejo subiram 7,2%, menos que os 7,8% esperados, enquanto a produção industrial subiu 4,7%, também abaixo das expectativas (5,2%).
Por outro lado, a boa notícia veio da Alemanha que informou que o seu Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) subiu 0,1% no terceiro trimestre, depois de ter recuado 0,2% (número revisto para baixo hoje; antes o recuo era de 0,1%), escapando da recessão (quando o PIB do país soma dois trimestres consecutivos em queda).
A divisa americana acumulava, até esta quarta, alta de 8,2% no ano, e começou sua nova escalada exatamente quando quebrou a barreira dos R$ 4 e se aproximava dos R$ 3,90, depois da aprovação da reforma da Previdência. O estopim para a alta foi a frustração com os leilões do pré-sal, na semana passada, que tiveram participação fraca de empresas estrangeiras, derrubando as expectativas de quem acreditava que iriam entrar muitos dólares no país. Desde o leilão, a moeda acumula alta de 5%. Na semana, de 0,64%.
A moeda ganhou força com o aumento das incertezas no Chile e a renúncia de Evo Morales da Presidência da Bolívia neste domingo (10), que coincidiram com a soltura do ex-presidente Lula na última sexta-feira (8).
*Com agências