Após dois dias cheios de notícias que reduziram as esperanças de um acordo comercial entre EUA e China, esta quarta-feira (9) amanheceu com expectativas positivas em relação ao encontro entre as duas potências nesta quinta-feira (10), o que fez os mercados se animarem lá fora e deve contagiar as negociações da Bolsa e do dólar no Brasil.
Duas notícias, divulgadas nesta quarta-feira (9), sugerem que a China, apesar das ações hostis dos EUA, está disposta a ceder para fechar um acordo e acabar com a guerra de tarifas, que se arrasta há mais de um ano e penaliza economias e empresas dos dois países e do resto do mundo.
Citando um funcionário com conhecimento direto das negociações, a Bloomberg informou que a China está preparada para aceitar um acordo comercial parcial, desde que não sejam impostas mais tarifas pelo presidente Donald Trump. O relatório acrescenta que Pequim ofereceria concessões não essenciais, como compras de produtos agrícolas em troca, mas não cederia nos principais pontos de discórdia entre as duas nações.
O jornal Financial Times, por sua vez, noticiou que a China se ofereceu para comprar mais de 10 milhões de toneladas de soja para facilitar o acordo. Inicialmente, a matéria falava de US$ 10 bilhões a mais em compras de produtos americanos, mas a informação foi corrigida.
Os futuros dos índices de ações dos EUA e o preço do petróleo passaram a subir com estas informações. Pelas 8h20, o petróleo Brent, referência mundial, era negociado com alta de 1,10% para US$ 58,88 o preço do barril. Os futuros do Dow Jones subiam 0,74%, enquanto do Nasdaq a alta era de 0,83%. Já os futuros do Ibovespa mostravam avanço de 1,07% perto das 9h.
Na véspera, o comunicado do secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, de que o governo Trump estava proibindo vistos aos líderes do governo e funcionários do Partido Comunista, alegadamente ligados à detenção em massa de muçulmanos na província de Xinjiang, derrubou as expectativas do mercado com a reunião desta quinta, quando serão retomadas as negociações oficiais entre EUA e China.
A negação dos vistos foi feita em coordenação com um anúncio do Departamento de Comércio na segunda-feira (7), que restringiu as empresas de exportar produtos fabricados nos EUA para mais 28 empresas e organizações chinesas, das quais 8 são gigantes tecnológicas, também por estarem envolvidas em violações dos direitos humanos contra minorias muçulmanas.
As ações hostis americanas contra a China pesaram no mercado, e o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, fechou nesta terça (8) com queda de 0,59% para 99.981 pontos, abaixo da barreira dos 100 mil pontos. O dólar ainda encerrou com queda de 0,31% para R$ 4,092.
Reforma da Previdência
Além da melhora das expectativas em relação ao fim da guerra comercial, o acordo no Congresso para destravar a votação da reforma da Previdência em segundo turno também deve melhorar o humor dos investidores nesta quarta.
O líder do governo no Senado, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), anunciou nesta terça, pouco antes do mercado fechar, que chegou a acordo com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para votar um projeto de lei com a divisão dos recursos da chamada cessão onerosa, o leilão de petróleo excedente do petróleo do pré-sal, que vai acontecer em 6 de novembro.
A definição da divisão dos recursos, estimados em R$ 106 bilhões, estava dividindo senadores e deputados, pois havia articulação na Câmara para reduzir a parcela acordada de 15% dos Estados na divisão, aumentando a dos municípios, também acertada em 15%. O PL vem atender aos pedidos dos Estados e dos governadores do Sul/Sudeste, que estavam saindo penalizados com os critérios da divisão, que beneficiaria aqueles com menor renda per capita.
O texto deve ser votado nesta quarta-feira (9) pela Câmara e na terça-feira da próxima semana pelo Senado. Com isso, a votação do segundo turno da reforma da Previdência no Senado ficará para o dia 22.