O dólar abandonou o sentimento positivo nesta terça-feira (27) e virou após declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Pelas 13h30, a moeda dos EUA era negociada R$ 4,19, maior patamar desde 13 de setembro de 2018, quando o dólar foi a R$ 4,1957, recorde de fechamento do Plano Real, antes das eleições presidenciais. Às 13h58, a divisa ainda subia, mas bem menos. O valor estava nos R$ 4,147, com alta de 0,18%.
Já o Ibovespa, principal referência da Bolsa brasileira, passou a cair, depois de estar a subir mais de 1% pela manhã.
Às 13h58, o indicador do mercado de ações caía 0,13% para 96.302 pontos.
O que derrubou o humor foi que Campos Neto, disse, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, nesta terça, que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal. Ou seja, sinalizou que a autoridade está confortável com a cotação do dólar e não deve intervir para conter a divisa.
Mas, logo após a disparada da divisa que chegou a R$ 4,1956, o BC entrou no mercado para vender dólares à vista, numa operação que não ocorria há cerca de uma década. Também anunciou para esta quinta (29) mais operações de leilões à vista, iniciativas para injetar liquidez no mercado e ajudar a conter a alta da moeda americana.
Nesta terça, outro fator eleva a tensão global. O governo do Irã afirmou que não tem intenção de dialogar com os EUA sobre a questão nuclear a menos que todas as sanções impostas a Teerã sejam suspensas.
O cenário de desaceleração econômica global e tensões dos americanos com China, embora tenham melhorado nesta terça, e Irã leva a maior parte de moedas emergentes a se desvalorizarem.
No Brasil, o real também sofre com a crise na Argentina e a crise diplomática com a França, devido aos incêndios na Amazônia, que pode pôr em causa o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE).
Mas o maior foco de cautela é o indiciamento de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e principal articulador no Congresso das reformas do governo Bolsonaro. Ele é suspeito pela Polícia Federal de corrupção e lavagem de dinheiro no caso da Odebrecht na Operação Lava Jato.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu 15 dias para que Raquel Dodge, procuradora-geral da República, decida se oferece denúncia ou não contra Maia.
*Com agências