Saiu às 9h30 o relatório de emprego nos EUA, o chamado Payroll, de setembro, e os dados não vieram numa direção certa. Se alguns indicadores reforçam o enfraquecimento da economia americana, o que levaria o Fed (Banco Central dos EUA) a continuar cortando os juros, outros indicam que, afinal, diminuiu o risco de recessão dos EUA, e o corte das taxas pode não ser tão intenso como o previsto na véspera.
Quanto menor a taxa por lá, mais chances de investidores trazerem recursos para mercados emergentes, como o Brasil.
Após o relatório do emprego americano, o dólar ampliou a queda e, às 11h18, era negociado a R$ 4,068, com recuo de 0,53%. Já o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, já abriu em queda, sabendo dos dados, e no mesmo horário, caía a 0,04% para 101.471 pontos. Isso significa que o mercado de câmbio e de ações está fazendo leituras diferentes dos números.
De um lado, os dados mostram fraqueza do mercado de trabalho, o que elevaria o risco da economia entrar em recessão, e levaria a cortes nos juros, em um movimento para ajudar a baratear o crédito, estimular o consumo e investimentos, e assim, tirar a economia do abismo. A geração de empregos veio pior que o esperado: foram criadas 136 mil vagas, contra as 150 mil esperadas, segundo o Departamento do Trabalho americano. E a criação de novos postos de trabalho na indústria diminuiu pela primeira vez em seis meses, com o setor de varejo continuando a perder empregos.
Também revela fraqueza o fato do salário médio por hora ter permanecido inalterado no mês passado, após avançar 0,4% em agosto e contra uma alta esperada de 0,20%. Isso também indica que a inflação seguirá rodando em torno de 1,5%, e não está pressionada, abrindo portas para o Fed seguir reduzindo a sua taxa.
Mas, por outro, o desemprego em setembro caiu a 3,5%, a menor taxa desde dezembro de 1969, abaixo do previsto, que era 3,7%, atenuando as preocupações do mercado financeiro de que a economia possa estar à beira de uma recessão em meio à guerra comercial entre EUA e China. Com isso, o Fed não precisaria cortar os juros ou não de forma tão intensa.
Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, os dados mostram que, de fato, o desemprego americano caiu, e não resultou de um aumento do desalento, uma vez que a taxa de participação–a percentagem de pessoas em idade de trabalhar (16 e mais anos), quer empregadas quer em busca ativa de trabalho, em relação ao número total de pessoas na respectiva faixa etária– se manteve constante e a taxa de desemprego ampliada, que inclui também o subemprego, recuou de 7,2% para 6,9%, a menor desde 2000.
Na véspera, após a divulgação de que o crescimento do setor de serviços nos EUA desacelerou para o ritmo mais lento em três anos, aumentaram as expectativas de cortes nos juros americanos: por aqui, o dólar teve a maior queda em um mês e a Bolsa fechou em alta de quase 0,50%.
O mercado aguarda a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, que está prevista para as 15h, para ver se ele dá algum sinal sobre o rumo da taxa ou alguma reação aos números divulgados nesta manhã.