O dia terminou bem melhor do que começou para a Bolsa brasileira e para o real, e o responsável foi Jerome Powell, presidente do Fed (Banco Central dos EUA), no dia em que a autoridade americana anunciou, como esperado, um corte de 0,25 ponto em sua taxa básica. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, engatou o sexto recorde histórico nas últimas duas semanas, e o dólar voltou a fechar abaixo da marca psicológica dos R$ 4.
O Ibovespa terminou nos 108.407 pontos, novo recorde de fechamento na era do Real. No pregão, o indicador bateu outra marca, a maior pontuação intradiária, que está agora em 108.353 pontos. Já o dólar, que negociou boa parte do dia acima de R$ 4, fechou nos R$ 3,987, com queda de 0,40%.
Segundo Pablo Syper, diretor da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara, o dólar reverteu a alta após Powell dizer que seria necessário uma inflação muito acentuada para pressionar o Fed a voltar a elevar os juros. “A fala do Powell foi a razão pela qual a Bolsa virou e bateu a máxima e o dólar apagou os ganhos e rompeu o suporte psicológico do R$ 4. Os juros dos Treasuries curtos [títulos do Tesouro americano com vencimento de 2 anos] que subiam, viraram e passaram a cair ”, comentou Spyer.
A declaração do presidente do Fed acalmou os ânimos do mercado, que já começava a projetar, que diante do novo cenário, com vários riscos ao crescimento econômico americano diminuindo, como os avanços para o fim da guerra comercial e um Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) amistoso, que os juros pudessem subir.
O próprio Powell admitiu que o riscos externos caíram: os comerciais (EUA-China) se tornaram “menos severos” e os ligados a um Brexit sem acordo “também diminuíram de maneira significativa”.
Alta nos juros nos EUA tendem a atrair investidores de países emergentes, menos seguros, para lá.
Ibovespa: balanços corporativos moveram negócios
Além da decisão do Fed e posterior fala de Powell, o mercado ainda aguardava a decisão do Comitê de Política de Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que foi anunciada após o fechamento: novo corte de meio ponto na Selic, que ficou em 5% ao ano, conforme o esperado. O comunicado do comitê, que sinalizou um novo corte na Selic em dezembro para 4,5%, e depois cautela nas decisões seguintes, pode mexer com o mercado nesta quinta-feira (31).
Fora a política monetária, foram os balanços corporativos do terceiro trimestre, que moveram os negócios nesta quarta. As ações da Magazine Luiza, que teve alta de 47% nas vendas e lucro acima do esperado, fecharam com avanço de 6,97%, nos R$ 44,02, um novo recorde da história na varejista. Na contramão, a Cielo, que teve queda de 51,7% no lucro, sofrendo com aumento da concorrência nas maquininhas de cartões, caiu 3,65%, liderando as baixas.
Das 68 ações na carteira do Ibovespa, 51 subiram; 16 caíram; e uma ficou estável. O giro financeiro no dia, de R$ 14,9 bilhões, ficou acima da média diária de 2019, na faixa dos R$ 12 bilhões.