A segunda-feira (7) for marcada por más notícias, que afetaram fortemente o mercado financeiro, como a China menos disposta a negociar com os EUA, o rumor de que o ministro da Economia, Paulo Guedes pode sair do governo em fevereiro e a ameaça do presidente americano Donald Trump de que ele poderia “destruir e destruir completamente a economia da Turquia”.
No fechamento, o dólar subiu 1,17% para R$ 4,104, depois de ter aberto o dia na faixa dos R$ 4,05. O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, tombou 1,93% para os 100.573 pontos, menor nível desde 3 de setembro, perto da barreira dos 100 mil pontos.
“A China veio jogar água fria no humor do mercado. Mas tem ainda o fake, que somado com medo de novos atrasos na reforma da Previdência, mexeu com o dólar”, disse Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
Apenas uma ação termina no azul
No índice brasileiro, das 68 ações, apenas uma fechou positiva, e não foi o Bradesco, que chegou a ser o único papel em alta, depois de ter anunciado a intenção de distribuir pelos acionistas R$ 8 bilhões em dividendos extraordinários.
A única ação que terminou no azul foi a Raia Drogasil, beneficiada pela recomendação de compra do BTG Pactual, que manteve a empresa como uma das suas preferidas para 2020. Uma das apostas dos analistas é iniciativa da companhia de apostar em lojas super populares, em regiões de baixa renda, sendo que até agora 16 já estão em operação. Os papéis da Raia Drogasil fecharam com alta de 0,62% para R$ 102,13.
Os bancos foram os mais penalizados, com as ações ordinárias do Bradesco caindo 1,58%, as do Banco do Brasil, recuando 3,95% e as do Itaú Unibanco, -2,64%
China menos disposta a ceder
A notícia da agência Bloomberg deste domingo (6) indicou que a nova rodada de negociações oficiais entre os EUA e a China já começa comprometida e pode não terminar como o mercado esperava, já que os chineses não querem aceitar ceder em mudar suas políticas industriais e de subsídios do governo para atender a Trump e chegar a um acordo para pôr fim à guerra comercial entre as duas potências.
Os países se reúnem nesta quinta (10) e havia esperanças de que, ao menos, um “mini-acordo” sairia do encontro.
Mais à tarde, um tuíte da Zero Hedge de que a China estaria pronta para fechar um acordo provisório nos termos já acordados entre as partes, veio dar um ânimo, mas a cautela predominou.
Saída de Guedes em fevereiro
Embora desmentido pelo Ministério da Economia, o rumor de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode deixar o governo em fevereiro, trouxe apreensão ao mercado. A informação circulou nas mesas de mercado do Brasil e nas casas de investimentos no exterior, e foi até comentada pelo famoso gestor da Alaska Investimentos, Henrique Bredda, popular da comunidade financeira brasileira no Twitter, o FinTwit.
Segundo a coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini, do jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte, o ministro já estaria escolhendo seu sucessor para o substituir em fevereiro. Ele sairia apenas após a aprovação da reforma da Previdência e de encaminhada a reforma tributária.
“O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve deixar o Governo em fevereiro. Só espera a aprovação da Reforma da Previdência e a consolidação da Reforma Tributária. Ele já prepara um sucessor nas hostes”, diz Mazzini em sua coluna.
Bredda, do Alaska, disse apostar na saída do ministro: “Guedes vai sair depois da previdência é tributária encaminhada. Aposto. Passa pra outro depois. Esse trabalho esgota muito. F… aguentar CCj’s e afins. Mas a linha de conduta das reformas e de pensamento vai ser mantida”, tuitou ele.
Trump e Turquia
Outro fator que derrubou a Bolsa americana e contagiou o mau humor geral foi o tuíte de Trump de que poderia “destruir e destruir completamente a economia da Turquia”. O presidente anunciou que os EUA se retirariam da Síria, decisão duramente criticada, deixando seus antigos aliados, os curdos, expostos no norte da Síria a possíveis ataques da Turquia, que acabaram por acontecer.
No final da tarde, foi divulgada a notícia de que a Turquia atacou forças curdas e a milícia anti-Assad na Síria e no Iraque perto da fronteira turca.
Reforma da Previdência
Também a confirmação pelo senador Major Olímpio (PSL-SP), líder do partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, no Senado, de que a Casa só consiga votar o segundo da reforma da Previdência no dia 22 de outubro pesou no mercado.
Na semana passada, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado, já havia dito que a votação da reforma da Previdência não aconteceria antes do dia 22 de outubro, porque um grupo de 15 senadores vai viajar ao Vaticano para acompanhar a canonização da irmã Dulce, que acontecerá no dia 13 de outubro.
Rodrigues disse ainda que o adiamento vai dar mais tempo ao governo para se organizar para a votação no segundo turno. É que no primeiro turno, o governo saiu derrotado pois os senadores votaram a favor de retirar da proposta a medida que mudava a regra do abono salarial.
O atraso na reforma seria também uma forma de pressão dos senadores que querem garantias do governo da divisão dos recursos da chamada cessão onerosa, o leilão de petróleo excedente do pré-sal, que acontecerá no dia 6 de novembro. Ele pretendem que se cumpra a divisão acordada: partes iguais de 15% para Estados e municípios, aplicando os critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Há articulações na Câmara para elevar a parcela das prefeituras.
A definição da divisão dos recursos estimados em R$ 106 bilhões seria condição para a votação em segundo turno da reforma da Previdência, o principal item da agenda econômica do governo, que estava inicialmente prevista ocorrer até esta quinta (10).
