Na manhã desta terça-feira (27), o banco central da China, o Banco Popular da China, reduziu o yuan para o nível mais baixo em 11 anos e meio, para 7,0810 yuans o dólar.
Manter o yuan chinês mais fraco ajuda a reduzir alguns dos danos causados pelas crescentes tarifas impostas por Donald Trump, presidente dos EUA.
Mas o novo valor é mais forte que o esperado pelo mercado, o que pode indicar que a China quer sinalizar que está tentando valorizar a sua moeda e não quer novos atritos com Trump.
Há três semanas, quando a China enfraqueceu a sua moeda, Trump e o Tesouro americano acusaram o país de “manipular de câmbio”, o que desencadeou temores de que outros países asiáticos seguissem o exemplo, começando uma guerra cambial.
Os EUA, porém, não entraram com ação contra o país nos órgãos internacionais.
Sem essa sinalização da China, o enfraquecimento da moeda poderia, de novo, cair mal a Trump e aos mercados.
A China tem estabelecido o ponto médio oficial do yuan mais baixo e permitindo que ele seja negociado dentro de uma faixa de 2%, maior ou menor. Desde que os EUA acusaram a China de manipular sua moeda para manter sua vantagem competitiva no comércio internacional, a China deixou de usar suas reservas cambiais para apoiar o yuan. No entanto, o BC chinês está intervindo para impedir que o yuan enfraquecesse demais, pois um declínio mais rápido poderia afetar a confiança dos investidores na economia chinesa.
Um yuan mais fraco deixa os produtos chineses vendidos aos EUA mais baratos, compensando o aumento que terão com a imposição de novas tarifas.
Em uma época em que a economia já está sofrendo com os efeitos da prolongada guerra comercial com os EUA, essa medida poderia fazer com que investidores estrangeiros retirassem dinheiro dos mercados chineses se o yuan se desvalorizar significativamente.
O enfraquecimento da moeda chinesa abaixo do esperado ocorre em um momento em que o mercado se anima após uma sinalização positiva de Trump nesta segunda (26), depois que ele admitiu adiar a introdução das tarifas, previstas agora para setembro.
No Brasil, o Ibovespa, principal referência da Bolsa brasileira, despencou ontem 1,27%, com a guerra comercial, além de novos ruídos políticos e denúncia contra o BTG Pactual. Já o dólar subiu a R$ 4,14, maior cotação em quase um ano.