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Chance de Selic a 4%, lei do saneamento e S&P devem animar Bolsa e baixar dólar

Três notícias da véspera podem trazer otimismo ao mercado financeiro do Brasil nesta quinta (12); decisão de Trump de possível adiamento das tarifas sobre a China é outro evento que está no radar dos investidores e pode elevar o sentimento positivo

Bárbara Leite

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Esta quinta-feira (12) já começa animada, após notícias positivas da véspera: o Banco Central (BC) cortou a taxa básica de juros, a Selic, para 4,5% ao ano e não fechou as portas para novas baixas, a Câmara aprovou o texto-base do novo marco regulatório do saneamento, que permitirá entrada de capital privado na atividade, e a agência de classificação de risco Standard & Poor’s melhorou a perspectiva de nota de crédito do Brasil.

Os eventos podem puxar o Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, que, na véspera, já fechou positivo com o comunicado do Fed (banco central dos EUA) sepultando chances de aumento das taxas por lá, movimento que tenderia a atrair capital que viria ao Brasil, e a sua confirmação pelo presidente da autoridade americana, Jerome Powell, na coletiva de imprensa.

O dólar também pode recuar mais, após ter encerrado nesta quarta-feira (11), com queda de 0,72%, abaixo de R$ 4,12, em R$ 4,1190.

Após Copom, mercado ainda vê chance de Selic a 4%

Como esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 5% para 4,50% ao ano, menor taxa da história e, apesar da alta das carnes ter impactado a inflação recentemente e do dólar acima de R$ 4,10, deixou a porta aberta a possíveis baixas em 2020, mas não se comprometeu com as quedas. Falou em cautela nas futuras decisões.

O mercado interpretou que o Copom ainda admite recuar mais as taxas no ano que vem, a depender dos “próximos indicadores”, como comportamento da inflação e do crescimento da economia.

Leeia também: BC reduz Selic para 4,50%, menor juro da história, mas não confirma novos cortes em 2020

Os economistas do Itaú Unibanco mantiveram sua perspectiva de que a taxa Selic vai cair a 4% em 2020.

No Boletim Focus desta semana, a maioria do mercado previa que a Selic fosse mantida em 4,50% durante todo o 2020; o Top 5 (grupo que mais acerta previsões) projetava uma Selic em 4,25%, contra uma baixa a 4% na semana anterior.

Marco do saneamento: abertura à iniciativa privada

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta (11) o texto-base do novo marco regulatório para o saneamento básico por 276 votos favoráveis, 124 contrários e uma abstenção. A votação dos destaques (propostas que podem mudar a lei) ficaram para a próxima terça-feira (17).

Entre outros pontos, o projeto define que os municípios e o Distrito Federal têm a responsabilidade pelos serviços públicos de saneamento básico em âmbito local. A proposta permite a criação de consórcios públicos e convênios de cooperação entre municípios vizinhos para que a prestação do serviço cubra determinada região.

Também permite que os responsáveis pela prestação do serviço de saneamento possam permitir a exploração por meio de concessões à iniciativa privada, por licitação.

A meta é atingir até 31 de dezembro de 2033:

  • a água potável deverá chegar a 99% da população;
  • a coleta e o tratamento de esgoto deverão chegar a 90% da população.

Atualmente, metade da população brasileira não tem acesso ao saneamento básico.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a mudança nas regras vai garantir segurança jurídica para atrair investidores estrangeiros que, segundo ele, estão de olho nas privatizações do setor.

“São trilhões de dólares estacionados lá fora querendo ajudar, entrar por interesse econômico”, disse.

S&P melhora perspectiva e eleva chance de nota maior do Brasil

Aós aprovação da reforma da Previdência e a expectativa de continuidade da agenda fiscal em 2020, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) melhorou, após quase dois anos, a perspectiva da nota de crédito do Brasil, de “estável” para “positiva”.

Isso aumenta a chance do país ter uma revisão em alta da avaliação e subir um degrau na escada que o separa do grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador.

Leia também: S&P melhora perspectiva e eleva chance do Brasil subir rumo ao selo de bom pagador

A nota propriamente dita do crédito do Brasil, a S&P não mudou e segue em BB-, a três níveis do grau de investimento.

No início do mês, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse esperar que, nos próximos meses, pelo menos duas agências de classificação de risco colocassem a nota de crédito do Brasil em perspectiva positiva.

Com o grau de investimento de pelo menos duas agências, o Brasil atrai mais capital ao país, podendo baratear o dólar e gerar mais investimento e crescimento econômico.

Tarifas chinesas: decisão de Trump

Notícia da Casa Branca confirmando o adiamento das tarifas à China, prevista para este domingo (15) também pode ajudar a aumentar o otimismo do mercado nesta quinta (12).

Está programada uma reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump e seus conselheiros, para decidir sobre a aplicação das taxas sobre produtos chineses, como smartphones e roupas, no valor de US$ 160 bilhões. O recuo aconteceria mesmo sem o acordo comercial da “fase 1” entre os dois países ter sido concluído.

Fed: sem aumento das taxas tão cedo

O Fed (Banco Central dos EUA) manteve nesta quarta os juros estáveis na faixa de 1,50% a 1,75%, nesta quarta-feira (11) e indicou que não deve mexer nas taxas no próximo ano em meio a uma inflação persistentemente baixa.

Com isso, sepultou chances de aumento das taxas, que passaram a ser cogitadas diante do forte desempenho da economia, com taxa de desemprego no menor nível em 50 anos e criação de empregos acima do esperado.

Na reunião de setembro do comitê, os membros individuais do Fed estavam divididos sobre o que poderia acontecer no próximo ano, com oito membros vendo nenhuma mudança e nove indicando a probabilidade de um ou mais aumentos. Um membro até previu três altas. No geral, a estimativa era de pelo menos um aumento em 2020.

Leia também: Fed mantém juros e indica que não há mudanças em 2020; dólar cai mais e Ibovespa passa a subir

As projeções de quarta-feira viram uma mudança decidida nos pontos, com apenas quatro dos 17 membros antecipando um aumento de um quarto de ponto em 2020.

Essa pouco chance de aumento do juros foi confirmado por Powell na coletiva. O presidente do Fed disse que a autoridade não pensará em subir o juro antes de “uma alta persistente da inflação”, e o mercado entendeu que pode até voltar a cortar as taxas, se necessário.


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