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BC e corte inesperado de juros no México fazem dólar cair abaixo de R$ 4

Moeda reagiu ao anúncio de uso de reservas pela autoridade brasileira para conter a alta e à redução das taxas mexicanas, que deixam o Brasil mais atrativo

Bárbara Leite

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Ameaça da chinesa segurou queda da moeda dos EUA em boa parte do pregão-Foto: Reprodução

O dólar ampliou a queda perto do fechamento nesta quinta-feira (15), terminando abaixo de R$ 4, após o banco central do México anunciar um corte inesperado em sua taxa básica de juros. No final, a moeda dos EUA caiu 1,24% a R$ 3,99.

Já o Ibovespa, principal referência da Bolsa brasileira, não resistiu e terminou abaixo da barreira psicológica de 100 mil pontos. Com uma queda de 1,20%, o índice fechou nos 99.056 pontos.

A autoridade mexicana cortou em 0,25 ponto percentual o juro básico para 8% ao ano, enquanto a maioria do mercado esperava pela manutenção. Esse corte leva os investidores a saírem do México e aplicarem seu dinheiro em reais, segundo a Paineiras Investimentos.

Pela manhã, o dólar recuava em reação ao anúncio da véspera do Banco Central (BC) brasileiro vender dólares à vista das suas reservas internacionais, algo que não acontecia desde 3 de fevereiro de 2009, época da crise financeira global. O tombo não era maior devido à ameaça de retaliação da China às novas tarifas impostas pelo EUA, que elevou os temores de um agravamento da guerra comercial e segurou a desvalorização da moeda.

Na véspera, receios de uma recessão global levaram o dólar a encerrar nos R$ 4,04. Após o fechamento do mercado, o BC divulgou uma mudança na sua forma de atuar no mercado de câmbio, decidindo usar, a partir da próxima quarta-feira (21), parte das reservas internacionais em dólares pela primeira vez desde 3 de fevereiro de 2009, quando a economia sentia os efeitos da crise financeira global.

Autoridades chinesas declararam, nesta quinta, que a imposição de novas tarifas ao país a partir de 1º de setembro viola o acordo entre os presidentes da China (Xi Jiping) e dos EUA (Donald Trump) e, que diante disso não terão outra escolha a não ser adotar “medidas necessárias de retaliação”, deixando o mundo atento ao que pode ser o próximo grande pivô para uma nova escalada de tensões entre as duas maiores economias globais.

A China não especificou o que pode fazer em resposta às taxas de 10% que devem ser impostas a US$ 300 bilhões em produtos chineses no mês que vem, mas a declaração já causou mal-estar nos mercados.

Decisão: acertada

Em resposta à escalada do dólar, resultado da crescente preocupação com a desaceleração das economias em meio à guerra comercial entre EUA e China, o BC disse que vai vender dólares à vista entre os dias 21 e 29 de agosto no valor de US$ 550 milhões por dia.

Nesse período, diz, seguem os leilões de swaps cambiais reverso (o equivalente a vender dólares no futuro) que vinham sendo feitos nos últimos tempos para conter a alta da divisa dos EUA. Para a autoridade os leilões não atenderiam sozinhos à demanda por moeda estrangeira gerada pela “conjuntura econômica atual”.

Para o mercado, a iniciativa do BC é positiva e a adequada neste momento de turbulência.

“O Banco Central volta a usar um instrumento que é mais adequado no momento, devido à forte demanda por dólares vinda da Argentina. Diversas casas de câmbio têm parado suas operaçōes constantemente devido à forte volatilidade da moeda”, avalia Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

Segundo Sérgio Goldenstein, sócio-gestor da Mauá Capital, a oferta de dólares à vista irriga o mercado de câmbio e junto com o swap reverso deverá fazer com que o “cupom cambial (taxa de juros em dólar paga nestas operações) ceda de forma significativa” o que acabará sendo “bom para o real”. Ao mesmo tempo, a medida vai reduzir a dívida bruta pública, lembra.

*Com agências

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