A Bolsa brasileira, a B3, deve continuar sua escalada de alta e “surfar” na onda do esperado declínio das taxas de juros aqui e nas principais economias do planeta, segundo o Itaú BBA.
O braço de investimento do banco Itaú Unibanco projeta que o mercado de ações do Brasil deve conseguir atrair, até ao fim de 2020, uma “enxurrada” de cerca de R$ 600 bilhões hoje aplicados em investimentos de renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, fundos de investimento e poupança, que têm rendimento atrelado aos juros.
Isso levaria o volume negociado na Bolsa dos atuais R$ 15,8 bilhões para R$ 20 bilhões, e abriria espaço para novas aberturas de capital de empresas, segundo relatório enviado a clientes intitulado “O bull market (mercado de touro) está de volta, pegue-o pelos chifres”.
“Nossa visão é que estamos entrando em um mercado de touro (de tendência de alta), alimentado por uma liquidez global abundante, em meio a baixas taxas de juros no globo, e uma agenda econômica construtiva no Brasil (apoiada nas reformas da Previdência e tributária, além dos planos de privatizações)”, destacam os estrategistas.
Para os analistas, o Ibovespa tem potencial para chegar aos 132 mil pontos em 2020, ou seja, para eles, o principal referência da Bolsa brasileira pode subir mais 27%, quase 30%, em relação ao nível atual (nesta segunda, o indicador terminou nos 103.482 pontos). No ano, o índice já acumula valorização de 17,7%.
Juros mais baixos, lucros maiores
“Acreditamos que o Brasil está preparado para desfrutar de um período de taxas de juros excepcionalmente baixas. Essa tendência provavelmente terá um impacto muito positivo nas ações”, de acordo com o banco, que estima uma Selic, taxa básica de juros brasileira-que deve sofrer sua primeira queda desde março de 2018 nesta quarta (31)-, a 5% ao ano, contra os 6,50% atuais.
Segundo explicam, a Bolsa terá valorização, uma vez que a queda nos juros tende a puxar o lucro das empresas, já que elas terão uma redução de suas despesas financeiras por pagarem menos taxas.
A alta também resultará da entrada de mais capital e novos investidores, que, para conseguirem retornos mais elevados, em meio à queda das taxas, vão migrar suas aplicações mais conservadoras em renda fixa para alternativas que lhes possam dar um ganho maior, como as ações.
Investidor local e empresas menores
De acordo com o relatório, não serão os investidores estrangeiros, mas os locais, a puxar essa alta. Investidores locais ganharam participação e agora representam 49% do volume da Bovespa (acima de 39% em 2014), apontam.
Esse ambiente deve favorecer novas aberturas de capital de empresas, diz o Itaú BBA. Segundo o banco, o Brasil ainda tem um mercado de capitais pouco desenvolvido, como evidencia o fato de que a proporção entre os lucros das empresas listadas e os lucros das empresas é muito baixa, de 7%. Nos EUA e no Canadá, essa proporção chega a 25%.
Eles destacam que o cenário é propício à maior valorização de empresas menores, mas, alertam, para que investidor tenha cuidado com a qualidade das companhias.