A greve dos trabalhadores dos Correios vai continuar, pelo menos, até à próxima terça-feira (17), quando a categoria decidirá, em assembleias, se vai acatar a proposta do TST (Tribunal Superior do Trabalho), desta quinta-feira (12), de acabar com a greve em troca da manutenção do acordo coletivo e do plano de saúde para pais dos empregados até 2 de outubro, quando o tribunal vai julgar o dissídio coletivo, segundo nota do Findect (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios).
A paralisação, que entra nesta sexta-feira (13) no seu quarto dia, já provocou a suspensão dos serviços com hora marcada como Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje, segundo informaram os Correios.
Durante audiência de conciliação, realizada nesta quinta-feira, em Brasília, o ministro do TST, Mauricio Godinho Delgado, propôs a suspensão da greve o mais rapidamente possível, e fixou a próxima terça como prazo máximo para essa deliberação. Em troca, o tribunal sugere que a ECT (Empresas de Correios e Telégrafos) aceitem a manutenção de todas as cláusulas do acordo coletivo atual e do plano de saúde para parentes, até a data do julgamento do dissídio pelo Tribunal, que é no dia 2 de outubro. A proposta está condicionada ao retorno da categoria ao trabalho até às 22h desta terça-feira.
Os Correios aceitaram a oferta, enquanto os funcionários decidiram manter a paralisação até à data-limite, quando farão assembleias para avaliar a proposta e o rumo da greve.
Em nota, a empresa informou que decidiu aceitar a proposta para minimizar os impactos da paralisação. De acordo com os Correios, o prejuízo acumulado chega a aproximadamente R$ 3 bilhões.
A estatal diz, em nota, que o retorno de todos os empregados é condição essencial para aceitar a proposta do ministro.
Tribunal exige volta de 70% do efetivo
O ministro do TST diferiu em parte o pedido dos Correios e decidiu que, como se trata de uma atividade essencial, 70% de serviços e trabalhadores deverão estar em atividade (no geral, e não por unidade de trabalho, como queria a estatal).
O descumprimento da decisão acarretará em multa diária de R$ 50 mil. No pedido de liminar, a empresa pretendia a manutenção de, pelo menos, 90% das atividades.
Pleitos
A categoria pede reposição da inflação, que é de 3,1%, contra reajuste salarial proposto de 0,8%, e é contra a privatização da estatal, incluída no mês passado no programa de privatizações do governo Bolsonaro.
Os trabalhadores querem também a reconsideração quanto à retirada de pais e mães do plano de saúde, melhores condições de trabalho e outros benefícios.
“Nós já pagamos uma mensalidade alta e os Correios querem aumentar de 30% para 40% essa cobrança. Um desconto abusivo”, afirma Douglas Mello, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos (Sintect-SP) e da Fintect.
Atualmente, os trabalhadores pagam em torno de 3% a 7% do salário bruto para ter o benefício do plano de saúde. Além da mensalidade, o funcionário é obrigado a arcar com 30% do valor total dos exames realizados em consultórios médicos. Tanto o titular quanto os dependentes devem pagar essa taxa.”É contra essa medida que estamos lutando. Nossa perda salarial chega a mais de R$ 500 mensais”, disse Mello.
O prazo final para a permanência dos pais nos planos de saúde venceu no dia 31 de julho deste ano.
*Com agências