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Com score inédito e sem cobrar juro, fintech dá microcrédito para cliente quitar conta do mês

Startup avalia o uso o celular para oferecer de R$ 35 a R$ 500 de crédito; ‘É inédito. No mundo, tem apenas duas empresas parecidas”, disse Carlos Barros, um dos fundadores do Jeitto, em entrevista ao Economia Bárbara

Bárbara Leite

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Carlos Barros (à esq.) e Fernando Silva, fundadores do Jeitto–Foto: Divulgação

De olho no universo de 45 milhões de brasileiros desbancarizados, a startup Jeitto apostou em um modelo de crédito inédito no país: oferece até R$ 500 para quem precisa de um dinheiro extra para cobrir pequenos rombos e fechar o mês no azul, sem cobrar juro ou envolver dinheiro em espécie com base em um score medido pelo uso do celular pelo cliente.

“É uma população vulnerável, que tem escassez de crédito para fechar a conta do mês. Precisa de um dinheiro por algum acontecimento, uma doença, um problema, e não era atendida”, disse Carlos Barros, um dos fundadores da plataforma digital Jeitto, em entrevista ao Economia Bárbara.

Segundo Barros, os grandes bureaus de crédito não sabem avaliar o risco de crédito desse segmento da classe C, D e E. “A gente usa a inteligência artificial para poder fazer o score. Com os dados de uso do smartphone e da bateria, como exemplo, chegamos a um score de crédito que é preditivo se aquela pessoa é um bom pagador ou mau pagador”, explicou o executivo.

Diferente de outros serviços de microcrédito, o cliente só paga pelo que usa e não há cobrança de juros nem de mensalidade. A empresa cobra uma taxa, de R$ 2,99 a R$ 10, que varia por tipo de transação.

“A maioria pega o dinheiro para recarga de celular, pagamento de contas de consumo, cartão de transporte e comprar gift cards, como os do Netflix”, diz Barros.

A startup também não oferece dinheiro em espécie. Qualquer crédito oferecido só pode ser utilizado dentro do aplicativo da empresa, em transações eletrônicas – a plataforma lê boletos e permite que o cliente pague suas contas.

“É inédito. No mundo, tem apenas duas empresas parecidas”, acrescentou. “É uma ruptura. Qualquer crédito que esse público vai pedir tem de fazer um cadastro enorme, pede comprovação. E isso não funciona com este público, eles não têm paciência. O nosso cadastro é feito com CPF e o número de celular e, se o cliente for aprovado, o crédito de R$ 35 a R$ 500, sai em 2 minutos. Funciona exatamente como um cartão de crédito sem ter o plástico “, explicou.

Se o cliente não for aprovado, ele ganha uma carteira digital para colocar o seu dinheiro e estabelecer um histórico com a startup.

Em média, os usuários usam R$ 80 por mês e têm renda média de R$ 2 mil. O valor da dívida não será parcelado. Caso o cliente não pague o boleto, seu nome vai para protesto. A taxa de inadimplência é de 15%.

Crescer 10 vezes em 2020

Aplicativo, que foi lançado em 2015, conta com 80 mil usuários–Foto: Divulgação

De acordo com Barros, o Jeitto já concedeu R$ 8 milhões em crédito pelo aplicativo.

“No ano que vem pretendemos crescer de 8 a 10 vezes esse volume. Já estamos com um crescimento sustentável, de 20% a 30% todo o mês. Temos 80 mil usuários e conseguindo de 15 mil a 20 mil de contas a mais por mês”, avançou o executivo. A meta é emprestar R$ 80 milhões em 2020.

“Ainda não estamos em break even, o que deve acontecer em breve”, revelou Barros.

O Jeitto começou como empresa em 2014 e a primeira versão do app foi lançada em 2015. “Tivemos três anos operando como um laboratório, para entender o mercado e desenvolver o algoritmo”, contou.

A tecnologia é o diferencial do negócio tanto que dos 33 colaboradores da empresa, 75% são da área.

Inspiração no Quênia

A inspiração veio de um modelo da M-Pesa, criado no Quênia. A empresa desenvolveu um negócio onde, por meio do celular, milhões de consumidores passaram a ter acesso a serviços de pagamento e recebimento de valores digitalmente.

Segundo ele, assim como no Brasil, africanos que precisam de pouco dinheiro emprestado só encontravam opções de empréstimos de altos valores nos bancos e financeiras, a juros elevados, ou não tinham o crédito aprovado pelo risco de inadimplência.

O celular passou a ser uma ferramenta de acesso a serviços financeiros para uma população desbancarizada e com limitada oferta.

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