O secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou nesta segunda-feira (12) que a reforma tributária do governo não acabará com as deduções relativas a despesas com saúde do Imposto de Renda (IR).
“Estamos querendo estabelecer um teto e restringir essa dedução”, afirmou durante palestra sobre o tema na ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que seria “melhor tirar todas as deduções” para que houvesse uma diminuição na alíquota do imposto.
Cintra afirmou, porém, que as mudanças no imposto não poderão diminuir a arrecadação e comentou também a volta de um imposto sobre pagamentos –que nega tratar-se da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
O secretário afirmou ainda que a criação do imposto ampliará a base tributária em 30%. “Isso quer dizer que 30% do PIB que hoje estão na economia subterrânea, sonegação e na economia informal seriam incorporados”, afirmou.
O crescimento seria uma contrapartida para a desoneração da folha de pagamentos que, se aprovada, deverá acontecer gradualmente até ser zerada em dois anos. Ele afirma que, dessa forma, o imposto sobre pagamentos “veio para financiar a Previdência”.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é um dos críticos da proposta. Disse nesta segunda-feira que a CPMF não será retomada “em hipótese alguma”.
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Sua alíquota inicial era de 0,2% sobre cada operação. O dinheiro arrecadado pelo imposto servia para financiar melhoramentos na rede pública de saúde.
A Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) foi um imposto temporário, prorrogado por quatro vezes, que foi extinto em 2007.
Instituída pela primeira vez em 1996, pelo governo Fernando Henrique Cardoso, a CPMF foi renovada por quatro vezes, até 2007, quando foi extinta pelo Senado, em uma derrota política do então presidente Lula da Silva.
Inicialmente, ela tinha validade de dois anos e incidia sobre as movimentações bancárias. Por afetar as transações bancárias, a CPMF foi chamada de imposto do cheque. Diferentemente dos impostos cobrados sobre os preços de produtos e serviços, essa cobrança aparecia no extrato bancário do contribuinte.
Em junho de 1999, a CPMF foi prorrogada até 2002 e a alíquota subiu para 0,38%. Esse 0,18 ponto adicional seria destinado a ajudar a bancar a Previdência Social.
Em 2001, a alíquota caiu para 0,30%. Em março do mesmo ano, voltou para 0,38%, sendo que a diferença seria destinada ao Fundo de Combate à Pobreza. A contribuição foi prorrogada novamente em 2002 e, já no governo Lula, outra vez em 2004. O imposto foi extinto pelo Senado em 2007.
No fim do governo Dilma, em 2015, cogitou-se a volta da CPMF, mas o tema não avançou. Já no início do governo de Michel Temer, em 2016, o assunto voltou à tona.
Para entender quanto você pagaria de CPMF a cada operação, basta multiplicar o valor por 0,0038 (como era no passado) ou 0,0050 (considerando a alíquota de 0,50% em estudo agora). Imagine que você quisesse transferir R$ 40.000 para comprar um automóvel. Nessa operação, você pagaria R$ 152 (0,38%) ou R$ 200 (0,50%) de CPMF. Se quisesse pagar uma fatura de cartão de crédito de R$ 1.000, pagaria R$ 3,80 (0,38%) ou R$ 5 (0,50%) de imposto.
Exceções
A CPMF era cobrada em quase todas as transações bancárias, mas havia algumas exceções, como a compra de ações na Bolsa de Valores, transferência de recursos entre contas de mesmo titular, saque do seguro-desemprego e a retirada do valor da aposentadoria.