As vendas do comércio varejista cresceram 0,6% em novembro de 2019, na comparação com outubro, impulsionadas pelas promoções da Black Friday, segundo divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta (15), mas a alta ficou bem aquém do esperado do mercado, que previa um salto de 1,2%.
Antes, os dados da indústria e dos serviços em novembro também haviam frustrado as expectativas dos analistas, sinalizando que a retomada da economia brasileira no fim de 2019 não estava tão forte quanto parecia, elevando as apostas de que a taxa básica de juros, a Selic, pode ter nova queda em 2020. A nova previsão de baixa do juro básico é um dos motivos que vem elevando a cotação do dólar neste ano.
Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio, foi o sétimo resultado positivo seguido do setor, com ganho acumulado de 3,3% no período.
As vendas no mês da Black Friday tiveram um impulso menor do que o registrado em setembro, que teve alta de 0,8%, com a criação da Semana do Brasil, nova data promocional para elevar as vendas do setor tradicionalmente fracas nesse mês. Em novembro de 2018, o aumento foi de 3,1%.
De acordo com o IBGE, ainda assim as vendas em novembro passado registram o maior patamar desde dezembro de 2016, período crítico da crise no setor, mas segue 3,7% abaixo do recorde alcançado em outubro de 2014.
Farmácias em alta; roupa em baixa
Entre as oito atividades pesquisadas, quatro tiveram altas, sendo que três delas foram diretamente influenciadas pela Black Friday: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%) e móveis e eletrodomésticos (0,5%).
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação também registraram taxa positiva em novembro (2,8%).
Por outro lado, pressionaram negativamente as vendas os segmentos de tecidos, vestuário e calçados (-0,2%) e combustíveis e lubrificantes (-0,3%), ambos devolvendo uma pequena parcela do ganho acumulado nos dois últimos meses, respectivamente, 3,4% e 2,7%.
A atividade de livros, jornais, revistas e papelaria também registrou recuo nas vendas (-4,7%).
Já o setor de maior peso no varejo, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,0%), ficou estável.
“O crescimento de 0,6% é relevante porque manteve a taxa positiva pelo sétimo mês seguido, o que fez novembro registrar o patamar mais elevado desde dezembro de 2016. Isso mostra que o setor vem mantendo a recuperação”, disse a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.
Perda de ritmo nas vendas
Na comparação com novembro de 2018, o varejo cresceu 2,9%, oitava taxa positiva seguida. Com isso, o setor acumulou avanço de 1,7% de janeiro a novembro de 2019, em relação ao igual período do ano anterior.
O indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de um avanço de 1,8% em outubro para 1,6% em novembro, sinalizou perda de ritmo nas vendas.
Varejo ampliado tem queda com setor automotivo em destaque
A Pesquisa Mensal de Comércio mostra ainda que no comércio varejista ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, o volume de vendas recuou 0,5% em novembro, na comparação com outubro, interrompendo oito meses de crescimento contínuo, período em que acumulou ganho de 5,1%.
O resultado foi puxado pelo setor de veículos, motos, partes e peças (-1,0%), enquanto material de construção apontou estabilidade (0,1%).
“O segmento de veículos não sustentou o crescimento em novembro, depois de dois meses de crescimento (3,5%). É comum essa acomodação. A atividade vem mostrando dinamismo ao longo de 2019, acumulando no ano alta de 10,1%. Foi um bom ano para o segmento”, disse Isabella Nunes.
Por Estados
Regionalmente, as vendas do varejo cresceram em 22 dos 27 estados em novembro do ano passado, com destaque para Roraima (9,3%), Rondônia (8,5%) e Acre (6,7%).
Por outro lado, entre as cinco quedas registradas no mês, as maiores foram verificadas no Amapá e no Rio Grande do Norte, ambos com -0,7%, e Santa Catarina e Distrito Federal, os dois com -0,6%.