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Dólar sobe 3% em 2020: veja o que pode explicar a alta

Após subir pela manhã, moeda dos EUA negocia entre a estabilidade e uma baixa, depois de três pregões de valorização: entenda as razões que levaram à subida e expectativa de especialistas

Bárbara Leite

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Em 2019, dólar bateu recorde perto de R$ 4,27, mas terminou com alta de apenas 3,5%-Foto: Pixabay

(atualiza com cotação de fechamento)

Após subir acima de R$ 4,15 na manhã desta terça-feira (14), o dólar recuou 0,27% para R$ 4,131 no fechamento. Em 2020, a moeda americana acumula alta de cerca de 3% e três pregões consecutivos de valorização, na contramão do otimismo com o mercado financeiro. Nesta segunda (13), a divisa disparou 1,18% para R$ 4,14.

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“Eu não vi qualquer gatilho com sustentação que pudesse ter trazido esse dólar a R$ 4,14. Ele destoou do otimismo nas Bolsas de Valores. Foi algum tipo de movimento de caráter especulativo, e eu conto com a virada em breve. Eu acho que o dólar deve voltar a convergir para os R$ 4”, disse Fernando Bergallo, diretor da FB Capital.

Leilões do BC

Para Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, a alta do dólar pode ser explicada pela “falta de sinalização do Banco Central em relação à oferta de dólares no mês de janeiro, seja através dos leilões de swaps e/ou vendas no mercado à vista”. Para o superintendente, os investidores têm elevado a procura pela moeda americana, especialmente após o início do conflito geopolítico entre EUA e Irã.

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Desde o início do ano, o Banco Central deixou de leiloar contratos de swap reverso e dólares à vista como forma de injetar liquidez nos mercados.

PIB e balança comercial mais fracos

“A alta do dólar pode ser explicada pelos dados mais fracos da economia, que elevam a aposta de novos cortes na Selic e com a fraca balança comercial da semana passada, indicando que ainda há falta de fluxo”, segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

O economista se referia aos dados de novembro dos serviços divulgados pelo IBGE nesta terça e da produção industrial na semana passada, que sinalizam que a economia não está tão animadora como esperado. O volume de serviços recuou em novembro 0,1%, a primeira queda em 3 meses, enquanto a indústria teve o pior novembro em quatro anos, com a produção caindo em 11 dos 15 locais pesquisados.

Um crescimento econômico mais lento do que o previsto pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a seguir com o ciclo de corte da Selic na próxima reunião de 5 de fevereiro. A taxa Selic está em 4,50% ao ano, menor nível da história, e o grupo dos economistas que mais acertam as previsões no Boletim Focus prevê que ela recue para 4,25% ao ano neste ano.

A baixa da Selic pressiona o dólar uma vez que afasta mais do Brasil os investidores especulativos que ganham com taxas de juros. Com uma nova baixa na Selic, os investidores tendem a deixar o capital investido nos EUA, uma vez que o diferencial para os juros pagos por lá fica menor.

Por outro lado, o Ministério da Economia divulgou nesta segunda (13) que o superávit da balança comercial da segunda semana de janeiro (dias 6 a 12), foi de apenas US$ 14 milhões. No mês, o saldo positivo acumulado está em US$ 1,778 bilhão.

“Do ponto de vista financeiro, também seguimos sem fluxo de entrada”, diz Faria Júnior.

“Na expectativa de que pode haver menos dólar na praça, a reação imediata do mercado foi comprar antecipadamente”, explicou Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos.

Inflação no Focus

Para Bevilacqua, a leve revisão em baixa de 3,60% para 3,58% indica uma tendência de queda da inflação, o que também pode explicar a alta do dólar, uma vez que o indicador pode também levar o Copom a cortar a Selic no mês que vem.

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“A correção foi ínfima, caindo de 3,60% para 3,58%. No entanto, como o que importa é a tendência, a aposta de novos cortes na taxa referencial Selic ganhou força”, disse.

Congresso em férias

A ausência de notícias de avanço das reformas tributária ou administrativa, devido ao recesso parlamentar, também pode ser um motivo que deixou o real mais desvalorizado no início de 2020.

“Finalmente, com Congresso em férias, não há notícias sobre avanços na pauta de reformas e as eleições municipais do ano limitam o prazo para aprovação de matérias importantes no Congresso”, afirma o diretor da Wagner Investimentos, que ainda vê uma tendência de baixa para o dólar.

Tendência

“Ainda não houve a reversão da tendência já que a cotação segue próxima deste nível de R$ 4,13. (…) Observando o quadro externo, com as jovens tendências de alta de longo prazo da moeda do Canadá e do índice de commodities e com a forte ameaça de reversão de tendência do cobre e do yuan e inflação mais fraca nos EUA, os sinais de enfraquecimento do dólar no mundo aumentam”, destacou.

Ele admite que “eventualmente, antes do enfraquecimento mais nítido do dólar, poderemos passar por uma correção da bolsa americana (difícil apontar o timing), que está cara”.

“Em termos práticos, cotação entre R$ 4,15 e R$ 4,20 é ponto de venda e perto de R$ 4,05 é ponto de compra”, concluiu.

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