Um grupo de caminhoneiros marcou para começar às 6h desta segunda-feira (16) uma nova greve da categoria, mas é remota a chance de haver uma mobilização nacional. A estimativa é que a paralisação seja pontual, como a que a aconteceu em setembro.
Na ocasião, foram registrados alguns pontos de bloqueios em seis locais dos Estados do Rio de Janeiro, Paraíba, Alagoas e Pernambuco, mas as estradas nem nesses locais ficaram fechadas totalmente.
O movimento adiou a greve prevista para a meia-noite para o início do dia para dar mais visibilidade, “porque terá mais gente nas estradas fazendo imagens”, disse à Folha Ronaldo Lima, líder da categoria no Mato Grosso.
As lideranças do movimento de 2018, quando cerca de 1 milhão de caminhoneiros aderiram à greve e fecharam as estradas do país por dez dias em maio, não apoiam a nova paralisação.
Em entrevista ao Economia Bárbara, o caminhoneiro Wallace Costa Landim, conhecido como Chorão, um dos líderes da greve de 2018, diz ser contra qualquer paralisação neste momento e vê “um movimento político” por trás da nova ameaça. Para Chorão, o movimento será pontual e terá fraca adesão.
O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), José Araújo Silva, o China, disse que não falou com nenhum motorista que vai aderir à paralisação.
Já a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), por meio de nota, informou não possuir qualquer negociação ou participação na organização da possível paralisação programada para iniciar segunda-feira”.
O porta-voz da Presidência da República, o general Otávio Rêgo Barros disse que a possibilidade de uma paralisação é pequena. De acordo com ele, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas mantém as portas do Ministério da Infraestrutura “abertas para o diálogo”.
Motoristas de 8 Estados vão aderir à greve, diz Marconi França
Neste domingo (15), Marconi França, líder do novo movimento, disse que oito Estados vão aderir à greve e que esse número vai crescer até segunda-feira. Na semana passada, França publicou um vídeo, na sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Rio, em que convocava toda a população para aderir à paralisação.
Segundo ele, “pelo menos 70%” dos cerca de 4,5 milhões de profissionais autônomos e celetistas vão parar em todo o país”.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) manifestou apoio à suposta paralisação desta segunda.
Diesel e tabela do frete
Uma das reivindicações dos motoristas autônomos é a mesma que levou à paralisação em maio de 2018: o preço alto do diesel.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o litro do diesel era comercializado nesta semana passada por, em média, R$ 3,722, na bomba. Em maio do ano passado, quando caminhoneiros pararam o país solicitando a redução dos preços do combustível, o preço do diesel era de R$ 3,59.
Outra pauta é a nova tabela do frete, que havia sido suspensa em julho, mas voltou a ser editada neste mês. Ela passou a incluir o pedágio no cálculo do preço mínimo do transporte de carga. Outras despesas poderão ser incluídas mas terão de ser negociadas entre as partes.
Em maio de 2018, a mobilização levou ao desabastecimento geral do país e à queda do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país).
Frete: reajuste em 20 de janeiro
Segundo Chorão, ficou acordado com o governo que a tabela do frete sofrerá mudanças nas metodologias em 20 de janeiro de 2020, que devem elevar os valores do piso, uma das reivindicações da categoria.
“Custos operacionais como diesel, pneus, salário do motorista, pedágio, quando for o caso, e despesas adicionais como ponto de parada, diária e alimentação… tudo já está dentro do piso mínimo. Uma parte do piso é obrigatória e tem de ser seguida por todos os embarcadores e transportadores. Tem também uma questão negocial, que é um valor adicional que depende de cada caso, como, por exemplo, extensão da viagem e a existência ou não de pedágio”, disse o secretário Nacional de Transporte Terrestre, Marcello Costa.
A tabela do frete, que estipula valores mínimos para o transporte de cargas no país, foi criada para acabar com a greve de maio de 2018, mas tem sido alvo de contestações tanto dos caminhoneiros como dos empresários da indústria e do agronegócio.
Segundo a categoria, o combustível representa 42% do custo do frete.
*Com Estadão.com