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Após ameaça de greve, ministro atende caminhoneiros e vai suspender tabela do frete

Tarcísio de Freitas diz que abrirá uma nova rodada de negociações para discutir os novos pisos mínimos

Bárbara Leite

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Ministro Tarcísio Freitas se reunirá com caminhoneiros nesta quarta- Foto: Agência Brasil

(Publicada às 10h53; atualizada às 11h35, com nota do Ministério da Infraestrutura)

A nova tabela do frete publicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que desagradou aos caminhoneiros que ameaçavam fazer uma nova greve, será suspensa ainda hoje, disse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, nesta segunda-feira (22).

A resolução foi publicada pela ANTT na última quinta-feira (18), após passar por consulta pública e entrou em vigor no sábado (20).

Em nota, o Ministério da Infraestrutura diz que solicitou formalmente à ANTT “que delibere sobre a suspensão cautelar da resolução que instituiu o novo piso mínimo para o frete do transporte rodoviário de carga”.

Segundo a pasta, uma audiência extraordinária com a ANTT está marcada para as 18h desta segunda-feira (22) e uma nova rodada de reuniões com representantes do setor e do governo acontecerá nesta quarta (24).

Em ofício encaminhado à agência assinado pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas, ele justifica a decisão devido a “uma insatisfação em parcela significativa dos agentes de transporte”. Também fala em “diferenças conceituais quanto ao valor do frete e o piso mínimo que pode repercutir na remuneração final dos caminhoneiros” que devem ser novamente discutidas com a categoria.

“O diálogo segue sendo o principal mecanismo com o qual vamos buscar o consenso no setor de transportes de cargas. Por isso a importância em dar continuidade às reuniões. Estamos desde o início do ano com as portas abertas no ministério e esta tem sido a melhor forma de dar transparências às decisões que estão sendo tomadas em conjunto”, explicou o ministro Tarcísio Freitas.

A nova tabela com os pisos mínimos que podem ser cobrados pelo transporte de cargas foi criada em conjunto com a Esalq-Log, agência ligada à Universidade de São Paulo (USP), e gerou críticas de caminhoneiros, que ameaçavam iniciar uma mobilização já nesta segunda-feira (22).

Em entrevista ao Economia Bárbara, o caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, um dos articuladores da paralisação de 2018, disse que, se o governo não revisse a tabela, a categoria faria uma greve ainda maior do que a 2018, quando o país parou por 10 dias, provocando desabastecimento geral de combustíveis e alimentos.  

“O que eles apresentaram é a mesma coisa que você contratar uma pessoa para trabalhar e não pagar o salário para ela e dar só o vale-alimentação e vale-refeição”, disse Dedéco.

Ele esperava uma resposta positiva do ministro e afirmou que a sua decisão pela greve só ia ocorrer após o encontro com o ministro.

Já Esalq-Log e a ANTT emitiram nota afirmando que a nova tabela foi fruto de várias audiências públicas e que teve 500 contribuições da sociedade.

O que mudou na nova tabela

Criada em 30 de maio de 2018 para pôr fim à greve dos caminhoneiros, que durou 10 dias e provocou transtornos à população e afetou o crescimento econômico, a tabela do frete, contestada na Justiça por empresários, sofreu sua primeira modificação neste sábado (20).

Até aqui, ela levava em conta apenas a quilometragem percorrida. Agora, fatores como o tempo de carga e descarga, custo com depreciação do caminhão, entre outros, também entrarão no cálculo.

Uma viagem de bitrem, por exemplo, de 1.000 quilômetros (km) tem custo mínimo de R$ 4.158 pela nova resolução, 38% menor que o estabelecido na anterior, quando o custo do quilômetro por eixo na faixa dos mil quilômetros era de R$ 0,95. Isso resultava em R$ 6.650 como custo mínimo total da viagem, segundo cálculos da “Folha de Londrina”.

Já num transporte de carga frigorificada em composição de seis eixos por 1.500 km, o frete mínimo ficou maior. Antes saía por R$ 6.030; agora custará R$ 6.407, uma vantagem de 6,2% para o transportador.

Outra diferença da nova tabela em relação à anterior, de janeiro deste ano, é que a nova traz 11 categorias de carga: geral, geral perigosa, líquida a granel, líquida perigosa a granel, sólida a granel, sólida perigosa a granel, frigorificada, frigorificada perigosa, neogranel, conteinerizada, e conteinerizada perigosa. A resolução anterior considerava apenas cinco categorias.

A tabela também estabelece multas (de R$ 550 a R$ 10.500) para o contratante do frete que for flagrado remunerando o serviço em valor menor que o do piso, uma exigência dos caminhoneiros. O transportador que recebe frete abaixo do piso mínimo precisa ir à Justiça pleitear ressarcimento.

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