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‘Efeito Previdência’, EUA-China e Brexit: dólar volta a R$ 4 e Ibovespa beira recorde

Otimismo com a aprovação da reforma da Previdência e o cenário externo alimentaram o bom humor; balanços animam mercado e risco-país cai pela 13ª vez consecutiva; moeda dos EUA soma maior queda semanal desde fevereiro

Bárbara Leite

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Ibovespa bateu sua máxima intradiária nos 107.600 pontos–Foto: Pablo Syper/Mirae Asset

(Publicada às 14h33; atualizada às 17h30)

O ânimo voltou ao mercado financeiro nesta sexta-feira (24), após a interrupção, na véspera, de uma sequência de pregões muito positivos, ainda no rescaldo do otimismo com a aprovação da reforma da Previdência, vista como essencial para retomada de crescimento econômico sustentável do país. O Ibovespa, índice de referência da B3 (Bolsa brasileira), chegou a bater seu recorde intradiário, nos 108.083 pontos, e o dólar caiu, novamente, abaixo dos R$ 4, nesta manhã.

No fechamento, o Ibovespa ficou nos 107.363 pontos, perto do novo recorde, alcançado nesta quarta-feira (23), que foi de 107.543 pontos, enquanto a moeda americana terminou nos R$ 4,009 com queda de 0,88%. Trata-se da menor cotação desde 16 de agosto. Na semana, a moeda americana acumula queda de 2,67%, maior tombo para o período desde a semana encerrada em 1º de fevereiro (-2,91%).

“O dólar se mantém perto do nível psicológico de R$ 4, com o mercado ainda digerindo a reforma da Previdência, o risco-país caindo, gringo voltando e a expectativa com a cessão onerosa”, disse Pablo Syper, diretor da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

O bom desempenho de outras moedas emergentes também ajudou a aliviar a cotação do dólar, segundo Syper.

Pela manhã, o Banco Central conseguiu colocar a totalidade dos US$ 525 milhões no leilão do mercado à vista, movimento que ajudou a elevar a liquidez do mercado e a atenuar a pressão sobre a divisa americana.

Petrobras e Vale

O Ibovespa é puxado pelos resultados trimestrais divulgados pela Petrobras e Vale, que animaram os analistas e investidores. Nesta manhã, relatórios divulgados a clientes, pelo BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA e Credit Suisse disseram ter sido surpreendidos pelos números da petrolífera. Alguns apontaram os custos no segmento de exploração e produção terem ficado abaixo do que era previsto por eles como um ponto positivo. Já a Vale foi destacada positivamente por ter reduzido o nível de alavancagem.

As ações da Ambev, porém, estão na contramão do otimismo, e caíam 8,29%, após os resultados do terceiro trimestre terem frustrado os analistas.

Risco-país cai pela 13ª vez e está em níveis do grau de investimento

Nesta manhã, o CDS (custo do contrato de swap de default de crédito, na sigla em inglês), medida usada para calcular o risco-país, do Brasil,  foi a 120 pontos, nível quando o Brasil tinha o chamado grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador. Foi a 13ª queda no risco-país seguida.

Na véspera, em reação à aprovação da reforma da Previdência, a Standard &Poor’ (S&P), uma das principais agência de classificação de risco, disse que o país pode voltar a ter o grau de investimento em dois anos, caso país volte a crescer acima do esperado e as contas públicas melhorarem.

A agência tirou o selo de bom pagador ao país, em setembro de 2015, e agora o Brasil está a três degraus na classificação da agência para receber esse status.  

EUA-China: conversas avançam

Além do “efeito Previdência, o mercado elevou o bom humor após a CNBC dizer que os EUA estão próximos de terminar algumas seções da primeira fase do acordo comercial com a China. Segundo a Bloomberg, o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, o secretário do Tesouro Steven Mnuchin e o vice-primeiro-ministro chinês Liu He falaram por telefone nesta sexta-feira (25), para formalizarem o acordo no papel.

A notícia também fez o S&P 500, índice do mercado de ações americano, bater máxima histórico do fechamento (3.027,39 pontos).

Pela manhã, havia indicações que a China iria propor negociar a compra dos produtos agrícolas americanos, na ordem de US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões, um dos itens da primeira fase do acordo entre as duas nações, em troca da retirada das tarifas pelos EUA.

Brexit: extensão do prazo

Nesta sexta, a notícia de que a União Europeia (UE) concedeu a extensão do prazo para o Brexit (saída do Reino Unido da UE) também ajudou a melhorar o bom humor.

“Houve total consenso sobre a necessidade de uma extensão”, disse uma autoridade da UE após embaixadores dos outros 27 países-membros do bloco se reunirem para debater o adiamento da saída britânica, menos de uma semana antes do prazo atual de 31 de outubro.

A extensão dá tempo do Parlamento britânico de analisar e aceitar os termos do acordo costurado pelo primeiro-ministro Boris Johnson, aumentando a chance do Brexit ser feito com acordo. AUma saída brusca poderia levar caos ao mercado financeiro britânico, e contagiar o resto do mundo.

Decisões de juros no radar

No radar também estão as decisões de juros do Copom e do Fed (banco central dos EUA), na próxima quarta-feira (30). Segundo operadores, são majoritárias as apostas de corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, para 5% ao ano, enquanto uma minoria acredita na possibilidade de redução de 0,75 ponto.

Nos EUA, a expectativa é de uma redução de 0,25 ponto na taxa, que está na faixa de 1,75% a 2% ao ano.

A redução do diferencial de juros no Brasil e nos EUA tem trazido pressão obre o real, já que uma queda nos juros aqui maior do que a registrada por lá aumenta essa diferença e afasta do Brasil investidores que ganham com especulação de taxas de juros.

Esses receios estão sendo compensados pelo otimismo com a reforma da Previdência e a expectativa de ingresso de capital estrangeiro para o leilão do petróleo do pré-sal excedente, a chamada cessão onerosa, que está marcado para o próximo dia 6 de novembro.

*Com Valor.com e Reuters

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