O mercado financeiro, que já estava estressado com a falta de disposição da China em negociar um acordo mais amplo com os EUA e acabar com a guerra comercial, ampliou as preocupações, no fim da manhã desta segunda-feira (7), depois de rumores de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, mentor das reformas, pode deixar o governo em fevereiro.
Pelas 14h20, o dólar era negociado a R$ 4,098, com alta de 1%, enquanto o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, recuava 1,04% a 101.483 pontos.
“A China veio jogar água fria no humor do mercado. Mas tem ainda o fake, que somado com medo de novos atrasos na reforma da Previdência, mexeu com o dólar”, disse Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
O mercado já abriu negativo reagindo à notícia da Bloomberg deste domingo (6) de que a China, aproveitando-se da fragilidade do presidente americano Donald Trump, em meio ao processo de impeachment e desaceleração econômica da economia local, estaria desistindo de negociar alguns tópicos no encontro desta quinta-feira (10), considerados importantes pelos EUA, para fechar acordo com a China. A informação esfria as esperanças de uma trégua para a guerra comercial, que vem desacelerando a economia mundial.
Por conta disso, o dólar bate as principais moedas emergentes nesta segunda. Com aumento das incertezas, os investidores se refugiam no dólar e vendem as outras divisas, como o real.
O rumor de que o ministro Guedes pode sair do governo em fevereiro após aprovação da reforma da Previdência e encaminhada a reforma tributária aumentou o mau humor do mercado. A informação está na coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini, do jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte.
“O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve deixar o Governo em fevereiro. Só espera a aprovação da Reforma da Previdência e a consolidação da Reforma Tributária. Ele já prepara um sucessor nas hostes”, diz Mazzini em sua coluna.
O famoso gestor da Alaska Investimentos, Henrique Bredda, popular da comunidade financeira brasileira no Twitter, o FinTwit, disse apostar que Guedes sai nessa data. “Guedes vai sair depois da previdência é tributária encaminhada. Aposto. Passa pra outro depois. Esse trabalho esgota muito. F… aguentar CCj’s e afins. Mas a linha de conduta das reformas e de pensamento vai ser mantida”, tuitou ele.
Entretanto, o Ministério de Economia negou a informação de que Guedes vai sair do governo em fevereiro.
Também a confirmação pelo senador Major Olímpio (PSL-SP), líder do partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, no Senado, de que a Casa só consiga votar o segundo da reforma da Previdência no dia 22 de outubro pesou no mercado.
Na semana passada, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado, já havia dito que a votação da reforma da Previdência não aconteceria antes do dia 22 de outubro, porque um grupo de 15 senadores vai viajar ao Vaticano para acompanhar a canonização da irmã Dulce, que acontecerá no dia 13 de outubro.
Rodrigues disse ainda que o adiamento vai dar mais tempo ao governo para se organizar para a votação no segundo turno. É que no primeiro turno, o governo saiu derrotado pois os senadores votaram a favor de retirar da proposta a medida que mudava a regra do abono salarial.