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Dados do emprego dos EUA ampliam queda do dólar, mas fazem Ibovespa recuar

Mercado faz leitura diferente do relatório do trabalho americano, divulgado nesta sexta, que não veio com uma direção certa: não ficou claro se a economia está ou não à beira de uma recessão  

Bárbara Leite

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Mercado financeiro agora aguarda a fala do presidente do Fed, prevista para as 15h–Foto:Pixabay

Saiu às 9h30 o relatório de emprego nos EUA, o chamado Payroll, de setembro, e os dados não vieram numa direção certa. Se alguns indicadores reforçam o enfraquecimento da economia americana, o que levaria o Fed (Banco Central dos EUA) a continuar cortando os juros, outros indicam que, afinal, diminuiu o risco de recessão dos EUA, e o corte das taxas pode não ser tão intenso como o previsto na véspera.

Quanto menor a taxa por lá, mais chances de investidores trazerem recursos para mercados emergentes, como o Brasil.

Após o relatório do emprego americano, o dólar ampliou a queda e, às 11h18, era negociado a R$ 4,068, com recuo de 0,53%. Já o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, já abriu em queda, sabendo dos dados, e no mesmo horário, caía a 0,04% para 101.471 pontos. Isso significa que o mercado de câmbio e de ações está fazendo leituras diferentes dos números.

De um lado, os dados mostram fraqueza do mercado de trabalho, o que elevaria o risco da economia entrar em recessão, e levaria a cortes nos juros, em um movimento para ajudar a baratear o crédito, estimular o consumo e investimentos, e assim, tirar a economia do abismo. A geração de empregos veio pior que o esperado: foram criadas 136 mil vagas, contra as 150 mil esperadas, segundo o Departamento do Trabalho americano. E a criação de novos postos de trabalho na indústria diminuiu pela primeira vez em seis meses, com o setor de varejo continuando a perder empregos.

Também revela fraqueza o fato do salário médio por hora ter permanecido inalterado no mês passado, após avançar 0,4% em agosto e contra uma alta esperada de 0,20%. Isso também indica que a inflação seguirá rodando em torno de 1,5%, e não está pressionada, abrindo portas para o Fed seguir reduzindo a sua taxa.

Mas, por outro, o desemprego em setembro caiu a 3,5%, a menor taxa desde dezembro de 1969, abaixo do previsto, que era 3,7%, atenuando as preocupações do mercado financeiro de que a economia possa estar à beira de uma recessão em meio à guerra comercial entre EUA e China. Com isso, o Fed não precisaria cortar os juros ou não de forma tão intensa.

Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, os dados mostram que, de fato, o desemprego americano caiu, e não resultou de um aumento do desalento, uma vez que a taxa de participação–a percentagem de pessoas em idade de trabalhar (16 e mais anos), quer empregadas quer em busca ativa de trabalho, em relação ao número total de pessoas na respectiva faixa etária– se manteve constante e a taxa de desemprego ampliada, que inclui também o subemprego, recuou de 7,2% para 6,9%, a menor desde 2000.

Na véspera, após a divulgação de que o crescimento do setor de serviços nos EUA desacelerou para o ritmo mais lento em três anos, aumentaram as expectativas de cortes nos juros americanos: por aqui, o dólar teve a maior queda em um mês e a Bolsa fechou em alta de quase 0,50%.

O mercado aguarda a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, que está prevista para as 15h, para ver se ele dá algum sinal sobre o rumo da taxa ou alguma reação aos números divulgados nesta manhã.

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