Depois de três meses em queda, a produção da indústria nacional voltou a crescer em agosto em um ritmo acima do esperado pelo mercado. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta terça-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a indústria cresceu 0,8% em agosto, enquanto mercado prevista uma alta de 0,2%, e registrou o melhor mês de agosto desde 2014.
A recuperação de quase toda a perda acumulada desde maio foi puxada pela indústria extrativa, que cresceu 6,6% no mês, graças ao aumento na extração de minério de ferro, petróleo e gás.
Apesar da alta em agosto, a indústria mostra perda de ritmo em relação ao ano passado, com o acumulado em 12 meses passando de -1,3%, em julho, para -1,7%. Frente a agosto de 2018, o total da indústria caiu 2,3%. No acumulado do ano, a indústria ainda recua 1,7%
Indústria extrativa salta 25% de maio a agosto
Com a quarta taxa positiva, a indústria extrativa acumula crescimento de 25,2% de maio a agosto. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, após o desastre de Brumadinho, no final de janeiro, essa atividade mostrou quedas de produção por três meses. “A partir de maio, algumas plantas de extração de minério que haviam paralisado a produção para fazer adequações exigidas pelas leis ambientais voltaram a funcionar”, explicou.
Produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com alta de 3,6%, e produtos alimentícios, com crescimento de 2%, também contribuíram para o resultado da indústria em agosto.
Setor automotivo e vestuário: destaques negativos
As principais influências negativas vieram de veículos automotores, que caíram 3% com a redução das exportações para a Argentina, devido à crise econômica naquele país, e do setor de vestuário, que recuou 7,4%.
“É claro que agosto mostra um crescimento, mas tem a característica de estar muito concentrado em uma das quatro grandes categorias econômicas e em 10 dos 26 ramos pesquisados. Ou seja, o perfil de expansão não está disseminado para outras atividades”, explicou André.
Entre as grandes categorias econômicas, bens intermediários foi a única taxa positiva, com alta de 1,4% na comparação com julho. Já o setor de bens de consumo duráveis teve o recuo mais intenso nesse mês, de 1,8%, após avançar 0,4% em julho. Os segmentos de bens de consumo semi e não duráveis e de bens de capital também assinalaram resultados negativos, ambos de -0,4%.