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Depois da indústria, vendas do varejo também decepcionam

Comércio vende abaixo do esperado em junho e termina trimestre em queda; desemprego e endividamento explicam recuo

Bárbara Leite

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Sem considerar as vendas de hipermercados e supermercados, o comércio caiu em junho-Foto:Reprodução

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (7) mais um dado indicando que a economia brasileira patinou no segundo trimestre do ano. As vendas varejistas brasileiras subiram apenas 0,1% em junho, abaixo das previsões dos analistas (0,5%), ainda que tenha sido o melhor junho em dois anos.

Depois de recuo de 0,4% em abril e de estabilidade em maio nas comparações mensais, o varejo terminou o segundo trimestre com perdas de 0,3% sobre os três meses anteriores, quando houve estagnação, destacando as dificuldades enfrentadas pelo setor. O segmento é impactado pelo desemprego e endividamento das famílias ainda altos e queda da confiança dos consumidores.

“O comércio está paradinho. (Isso) se deve ao nível de atividade baixo, um elevado contingente de pessoas fora da força de trabalho e as famílias estão mais endividadas. Isso tudo explica o desempenho baixo do comércio este ano com comprometimento do poder de compra”, afirmou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.

As duas atividades de maior peso–hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; e Outros artigos de uso pessoal e doméstico– tiveram em junho respectivamente estagnação e avanço de 0,1% nas vendas.

Outras quatro apresentaram quedas –combustíveis e lubrificantes (-1,4%); móveis e eletrodomésticos (-1%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,4%); e livros, jornais, revistas e papelaria (-0,8%).

Apresentaram ganhos nas vendas apenas tecidos, vestuário e calçados (1,5%), reflexo da temporada de liquidações no mês; e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,3%).

Incluindo veículos e material de construção, o chamado varejo ampliado, as vendas também ficaram estagnadas sobre maio, subindo 1,7% na comparação com o ano anterior.

“Continuamos observando um quadro essencialmente de estagnação do varejo (ou até alguma desaceleração ao retirar a contribuição de alimentos, super e hipermercados), embora as vendas de veículos continuem sustentando o avanço do varejo ampliado”, comenta o estrategista do banco digital Modalmais, Felipe Sichel.

Desemprego e FGTS

O Brasil tinha 12,766 milhões de desempregados nos três meses até junho, e embora a taxa de desemprego tenha caído para 12%, o mercado de trabalho fraco vem afetando o nível de consumo no país, apesar da inflação baixa.

No final de julho, o governo decidiu liberar o saque de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep, em uma tentativa de impulso econômico diante da dificuldade da economia de engatar um ritmo sólido de crescimento.

Indústria: pior junho em três anos

Em junho, o desempenho da indústria brasileira também decepcionou. Com a queda de 0,6% na produção, o segmento teve o pior junho desde 2016, afetado pela tragédia de Brumadinho, recuo na produção de bens ligados a investimentos e crise na Argentina.

Com esses resultados, a indústria terminou o segundo trimestre com contração de 0,7%, somando-se às perdas de 0,6% nos três primeiros meses do ano.

O dado acendeu um alerta nos analistas de que a economia brasileira poderia estar em recessão–quando há queda por dois trimestres seguidos. Nesta sexta (9), saem os dados dos serviços, que vão indicar se o país tombou também de abril a junho.

*Com agência Reuters

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