(Publicado às 15h35; atualizada às 19h00)
O pregão desta segunda-feira (29) é impactado pelos receios de que o Reino Unido saia da União Europeia, no chamado Brexit (saída britânica, na tradução para o português), sem chegar a acordo com os membros do bloco, após declarações do governo britânico de que estariam se preparando para uma “retirada selvagem” no dia 31 de outubro.
Pelas 15h00, o dólar era negociado a R$ 3,789, com alta de 0,43%. No fechamento, a divisa subiu 0,27% para R$ 3,784, no maior patamar desde 8 de julho.
O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, que seguia perto da estabilidade, terminou nos 103.482 pontos, uma valorização de 0,65% ante o pregão anterior
Muitos investidores dizem que um Brexit sem acordo (chamado de “hard Brexit”) desencadeará ondas de choque na economia mundial, mergulhará a economia britânica, a quinta maior o mundo na recessão, abalará os mercados financeiros e enfraquecerá a posição de Londres como centro financeiro internacional proeminente. O Brasil e o mercado financeiro seriam afetados pela saída brusca britânica.
Do dia para a noite, tarifas comerciais seriam impostas, causando desabastecimento para os britânicos, uma parte da legislação deixaria de valer, paralisando negócios e transações financeiras provocando um caos na economia europeia, e provavelmente, no mundo inteiro.
“É preciso haver alguma mudança da UE, e se a UE não estiver disposta a ceder nem um pouco precisamos estar prontos para dar algum desfecho ao país”, disse nesta segunda (29) o secretário das Relações Exteriores, Dominic Raab, acrescentando que Londres está “turbinando” preparativos para um Brexit sem acordo.
Segundo ele, o Reino Unido quer um acordo, mas retratou o bloco várias vezes como “teimoso”. Indagado se estava ameaçando a UE -cuja economia de US $ 15,9 trilhões é quase seis vezes maior que a britânica-, ele respondeu: “Não sou fazendo nenhuma ameaça”.
A aposta do novo premiê Boris Johnson, que tomou posse na quarta (24), é que a ameaça de um Brexit sem acordo persuadirá as grandes potências da UE, Alemanha e França, a concordarem em revisar o pacto de saída que a ex-premiê Theresa May acertou em novembro, mas fracassou três vezes em aprovar no Parlamento britânico.
O principal ponta de discórdia entre as partes é que o Reino Undo quer eliminar do acordo já fechada o chamado “backstop”, um mecanismo criado para evitar a volta de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte (que é parte da Grã Bretanha) e a República da Irlanda (que é um país independente que faz parte da União Europeia).
Para críticos como Boris, essa cláusula de salvaguarda vai permitir a permanência parcial do país numa união aduaneira com a UE e tirar o poder do Reino Unido de fechar acordos comerciais por conta própria.
*Com agências