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Twitter de Trump deve voltar a ditar rumo do dólar na semana

No radar dos investidores estarão os desdobramentos da guerra comercial, além de novidades sobre eventual taxação de dividendos

Bárbara Leite

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Dólar teve quarta semana consecutiva de alta-Foto: Reprodução

O dólar deve seguir pressionado nesta semana pelo desenrolar da guerra comercial entre EUA e China. A semana passada foi carregada de más notícias no exterior, a maioria dada pelo Twitter do presidente dos EUA, Donald Trump, levando a moeda dos EUA à quarta alta semanal consecutiva, com avanço de 1,23%, apesar das notícias positivas no mercado doméstico, como a confirmação da aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e da vontade governamental de avançar com as privatizações.

“Foi uma semana inteira de stress, com o Trump jogando gasolina em todas as Bolsas do mundo”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, em seu programa semanal “Panorama Econômico”. Os temores aumentaram quando Trump disse na sexta-feira (9) que não estava pronto para fazer um acordo comercial com a China.

A moeda dos EUA terminou cotada nos R$ 3,942, com valorização de 0,39%.

A disputa entre os dois países deteriorou o cenário internacional nos últimos dias diante da reação do país asiático ao anúncio da cobrança de tarifas adicionais pelos EUA, o que fez forçar uma depreciação da moeda chinesa (yuan). Na semana anterior, o presidente dos EUA anunciou a taxação de 10% sobre mais US$ 300 bilhões em produtos importados da China a partir do mês que vem.  

Embora a China venha negando ter agido para enfraquecer o yuan e ganhar vantagens competitivas na venda de seus produtos aos EUA, o mercado tem interpretado essa desvalorização como uma arma contra as novas tarifas de Trump, que passou a acusar a China de “manipulador da moeda”. Com o yuan mais fraco, os produtos ficam mais baratos para os americanos, compensando o aumento que teriam com a nova taxação.

Os comentários do líder dos EUA reduziram as chances de um abrandamento dos conflitos no curto prazo e elevam temores de desaceleração da economia global, impulsionados pelo corte à escala global dos juros básicos. Coreia do Sul, África do Sul, Turquia, Nova Zelândia, Tailândia, Brasil e EUA anunciaram reduções em suas taxas nas últimas duas semanas, muito por conta do enfraquecimento de suas economias com a guerra comercial ou expectativas de impacto local do conflito.

A guerra comercial tende a impactar as economias das duas potências e as suas empresas, que, por sua vez, tendem a reduzir as compras ao exterior, prejudicando exportadoras ao redor do mundo.

O banco Goldman Sachs já alertou que a guerra comercial está elevando o risco de uma recessão nos EUA.

Além de ficar de olho no Twitter do Trump, o mercado vai acompanhar os dados do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas em um país) na Zona do Euro e os dados de produção industrial da Alemanha, que saem quarta (14), além dos indicadores dos EUA relativos às vendas de varejo e da inflação, que serão divulgados na quinta.

O resultado das prévias da eleição presidencial na Argentina, deste domingo (11), com derrota de Maurício Macri por 15 pontos de vantagem para o candidato da oposição, escolhido por Cristina Kirchner, deve pressionar o peso, e por tabela, o real.

Reformas e dividendos

Por aqui, as reformas devem dominar a agenda. O Senado já vai começar a debater a reforma da Previdência, após aprovação expressiva na semana passada na Câmara e o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve detalhar melhor a sua reforma tributária.

“O mercado estará de olho se o governo vai ou não voltar a taxar os dividendos”, afirmou Spyer, que não acredita que essa medida vá avançar, por enquanto.

Os dividendos são o pagamento que os acionistas de uma empresa recebem pelo lucro gerado. Quem paga impostos sobre os dividendos são as companhias de capital aberto (com ações na Bolsa), obrigadas a distribuir pelo menos 25% do seu lucro líquido. Hoje, os acionistas não precisam pagar tributos sobre esse ganho de capital.

Também sairá o IBC-Br, uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) brasileiro de junho, que pode confirmar ou não se o Brasil está em recessão como vários indicadores de atividade econômica vêm mostrando.

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