Com os avanços recentes nas negociações comerciais entre EUA e China, que pressionam menos o dólar, a inflação e o crescimento econômico em nível baixo, o Itaú Unibanco cortou suas projeções para a taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 5% ao ano para 4,50%, no fim de 2019, e para 4% em março de 2020.
De acordo com o relatório, divulgado nesta segunda-feira (14), os economistas do banco projetam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promova um corte de 0,50 ponto percentual na reunião do dia 30 deste mês e outra da mesma magnitude no encontro de 11 de dezembro, com a taxa fechando o ano em 4,50% ao ano.
Além disso, passaram a esperar que o Copom estenda o ciclo de corte de juros para 2020, prevendo mais dois cortes de 0,25 pontos nos encontros de fevereiro e de março do ano que vem. Se confirmadas as projeções, a taxa cairá a 4,25% em 5 de fevereiro e a 4% em 18 de março.
“A redução do risco global e a consequente menor incerteza com relação ao comportamento do real
abre espaço para cortes adicionais de juros. A ata da reunião de setembro parecia limitar o espaço para queda dos juros muito além do nível de 5%, ao ressaltar que os riscos de cenários adversos para ativos de risco (ou seja, a taxa de câmbio) pareciam ter se intensificado. Entretanto, o cenário internacional menos volátil e, ao mesmo tempo, com perspectivas de menor crescimento (com efeitos baixistas sobre preços de commodities), reduz esses riscos”, justificam os economistas.
O Itaú também reduziu ligeiramente a taxa de inflação em 2019 de 3,4% para 3,3% em 2019.
Juro menor é = dólar mais caro…
Com o corte previsto nos juros no Brasil, o banco entende que o dólar vai sofrer uma alta devido ao diferencial das taxas em relação aos EUA, que afasta do país investidores que fazem o chamado “carry trade” (quando se pega o dinheiro em um país que paga uma taxa de juros mais baixa, como os EUA, e se aplica a quantia em outro destino que pague retornos maiores (caso de emergentes, como o Brasil)).
Com o Brasil pagando juros menos atraentes, fica menos interessante fazer o “carry trade”, e com menos fluxo, o dólar sobe ante o real.
Assim, o banco agora aposta que o dólar termine 2019 em R$ 3,90 (ante R$ 3,80 nas projeções anteriores) e em R$ 4,25 no fim de 2020 (ante R$ 4 anteriormente), “em virtude da redução do diferencial de juros”, diz o relatório. “Essa redução do diferencial dos juros, em consequência da redução da nossa projeção de taxa Selic, deve pressionar a moeda brasileira à frente”, acrescentam os analistas do Itaú.
A cotação esperada para o fim do ano está abaixo do registrado pelo dólar nas últimas semanas. Nesta segunda, a moeda americana é negociada na faixa de R$ 4,13.
… e a PIB maior
Além disso, a queda da taxa Selic, que visa baratear o crédito, para estimular consumo e investimentos, deve permitir um crescimento mais acelerado da economia brasileira. O Itaú vê agora que o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) do Brasil suba 1% em 2019, e não mais apenas 0,8% projetados anteriormente. Para 2020, a alta prevista é ainda maior, dos 1,7% para 2,2%.
Os economistas entendem que há boas perspectivas para o aumento do consumo, diante dos dados de criação de emprego formal, da oferta de crédito, da confiança dos empresários (FGV) e do avanço das vendas do varejo e receita dos serviços estar mais difundido para outros segmentos.