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Ibovespa salta 2%, com notícia de privatização da Petrobras; dólar reage pouco a ação do BC

Sinalização da venda da maior estatal do país e do apoio de Maia à desestatização da Eletrobras animou os investidores; ata do Fed acabou não mexendo com o mercado

Bárbara Leite

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Ações da petrolífera subira mais de 5%, enquanto os da Eletrobras, o salto foi de quase 12%-Foto: Pixabay

Em dia de início de atuação mais forte do Banco Central (BC) no câmbio, ata do Fed (banco central dos EUA) e melhora do humor externo, o valor do dólar fechou em queda, mas ainda acima dos R$ 4. O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, esteve em alta durante todo o pregão, mas subiu com maior intensidade no fim, após notícia de que a Petrobras seria privatizada ainda no governo Bolsonaro.

No fechamento, o dólar caiu 0,50% para R$ 4,031. Desde os dias 17 e 18 de julho o dólar não engatava duas baixas consecutivas.

Já o índice do mercado de ações do Brasil avançou 2%, terminando nos 101.201 pontos, acima da marca perdida dos 100 mil pontos. O maior impulso foram as ações da Petrobras, que fecharam com alta de 5,95%.

À tarde, o site do jornal “Valor Econômico” informou que a equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, planeja privatizar a petrolífera até o fim do governo, citando fontes graduadas.

A estatal não estará na lista das 17 empresas que o governo quer vender e que deve ser oficialmente confirmada nesta quarta (21). O mercado também se animou com a prévia da lista, que inclui os Correios, a Eletrobras, a Telebras e os portos de São Paulo e do Espírito Santo, entre outros.

Leia: Privatizações: lista deve incluir Correios, Casa da Moeda, EBC e Eletrobras

“O anúncio das privatizações, além do cenário externo favorável, contribuiu para alta do Ibovespa. O destaque foi a valorização da Eletrobras após comprometimento de Rodrigo Maia para privatização da empresa”, segundo relatório distribuído pelo Banco Fator. Os papéis da elétrica fecharam com alta de 11,80%.

Após encontro com o ministro Guedes, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na manhã desta quarta, afirmou que a privatização da Eletrobras vai garantir mais recursos para investimentos no país. Segundo ele, os recursos que o governo é obrigado a colocar na estatal poderiam ser investidos na revitalização do São Francisco, em projetos sociais ou em infraestrutura, por exemplo.

BC vende reservas mas dólar segue acima de R$ 4

A maior atuação do BC no mercado de câmbio, com leilões simultâneos de venda de dólar à vista e de contratos de swap cambial reverso (compra futura de dólares) pela primeira vez desde 2008, não foi suficiente para trazer a moeda abaixo de R$ 4.

A ação do BC vai durar até ao dia 29. Nesta quarta (21), a autoridade vendeu US$ 200 milhões no leilão à vista e 4 mil contratos em swap cambial. Nos leilões à vista, o BC usa as reservas internacionais. Foi a primeira vez desde 2008, quando o país sentia os efeitos da crise financeira, que a autoridade mexeu nas reservas para tentar conter a valorização do dólar.

Fed: ata confirma Powell mas ficou velha

Pela manhã, o mercado também aguardava com expectativa positiva a ata da última reunião do Fed, que acabou não mexendo com os mercados, já que ela explica os motivos da baixa dos juros nos EUA em 0,25 ponto percentual que ocorreu em 31 de julho, antes do agravamento da guerra comercial entre a China e EUA e a divulgação da maior fraqueza das economias europeias.

“A ata do Fed não trouxe novidades. Deram três motivos para o corte da taxa: a inflação continua baixa e querem que ela convirja para a meta de 2%, viram possíveis sinais de desaceleração da economia e que as incertezas externas prosseguiram. A ata conta que o corte foi um ajuste fino, um ajuste de “mid-cicle (de meio de ciclo) e que a queda foi para recalibrar. Ou seja, no news”, disse Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos, de Nova York.

O mais importante da ata, segundo Cantreva, foi que ela mostra que o Fed está dividido: dois membros votaram por um corte maior, de 0,50 ponto percentual, e outros dois pela manutenção, enquanto a maioria votou pela redução de 0,25 ponto.

“Acreditamos que o Fed vai continuar olhando os fundamentos da economia. Eu realmente, daqui de Nova York, não estou realmente vendo essa recessão que o mercado está esperando. Precisamos ver o que vai acontecer com os desdobramentos da guerra comercial com a China e a alta do dólar. O mercado oscila entre a ganância e o medo, e estamos na hora do medo”, resumiu Cantreva.

A expectativa é que o Fed promova mais três cortes nas taxas até o fim do ano. Reduções dos juros por lá tendem a atrair capital ao Brasil com os investidores buscando maiores retornos.

O mercado agora aguarda o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, nesta sexta (23), no simpósio de Jackson Hole (EUA), para ver se o chefe da autoridade monetária sinaliza com novos cortes ou se mantém uma postura mais conservadora.

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