O Fed, banco central dos EUA, confirmou, na tarde desta quarta-feira (31), que cortou pela primeira vez, em 11 anos, a sua taxa básica em 0,25 ponto percentual, num movimento para tentar inverter a fraqueza da economia americana e que deve afetar diretamente a vida dos brasileiros.
O corte de 0,25 ponto percentual, que não foi consensual- oito membros apoiaram a redução e dois queriam a manutenção-, deixa a taxa por lá em um intervalo de 2% a 2,25% ao ano. Com isso, os títulos americanos vão ficar um pouco menos atrativos, o que tende a elevar o interesse por aplicações em países emergentes, como o Brasil, considerados mais arriscados, mas que pagam juros mais altos. Essa chance de maior fluxo de capital para o Brasil deve valorizar o real e provocar uma queda do dólar.
Dólares mais baratos, por sua vez, podem deixar a compra no mercado ou a gasolina no posto com custos mais baixos.
O que pode mudar nos preços no Brasil com uma queda do dólar:
Vinhos importados, pãozinho, chocolates e café mais baratos
O efeito mais imediato é a queda de preços de produtos importados, como azeite, bacalhau, vinho, eletrônicos e carros, entre outros. Com o dólar mais baixo, eles ficam mais baratos.
Como muitas matérias-primas são importadas, como trigo, gás e combustível, produtos que as usam em sua produção ou que têm preços atrelados à moeda, tendem a custar menos também. É o caso do pãozinho, do macarrão e da gasolina.
A mesma lógica para itens produzidos por vários segmentos da indústria brasileira, como a farmacêutica, a de perfumes e a de chocolates, que também utilizam insumos vindos do exterior.
Além disso, alguns produtos que são produzidos aqui no Brasil também têm seu preço atrelado ao dólar. É o caso da soja, da carne, do café, do açúcar, do milho. Quando o moeda dos EUA está mais barata, o produtor tende escoar mais a sua produção para o país, já que não compensa tanto exportar. Com uma maior oferta de produtos no Brasil, os preços tendem a cair.
No caso dos grãos, há um alívio adicional ao bolso do brasileiro, já que eles são alimento de animais, acabando por baratear carnes bovina e de frango.
Luz e contas públicas
Serviços, como distribuição de energia, também são cotados na divisa americana. A eletricidade gerada em Itaipu e consumida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste é paga em dólar, o que pode impactar positivamente nas tarifas da luz.
Os preços também poder ficar mais baixos, no caso de empresas que dívidas em dólar. É que com a moeda mais em conta, elas precisarão de menos reais para pagar juros e essa redução nos custos financeiros pode acabar sendo repassada aos consumidores.
A queda do dólar, por outro lado, pressionará menos as contas públicas, isto porque o governo se financia lá fora para sustentar gastos. Com o recuo na divisa, as despesas caem e orçamento, em tese, terá mais folga para aplicar os recursos em investimentos, que podem gerar empregos.
Pingback: Entenda a crise na Argentina e como ela afeta o seu bolso - Economia Barbara