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Em dia de ‘7 a 1’ para Trump, Bolsa derrete e dólar caminha para R$ 4

Desvalorização da moeda chinesa e tuíte-resposta do presidente dos EUA deixaram os mercados em tensão total nesta segunda

Bárbara Leite

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Aversão ao risco atinge os mercados financeiros globais-Foto:Reprodução

(Publicado às 16h25; atualizado às 18h16)

A guerra comercial entre os EUA e China, que vem pesando sobre o humor dos investidores, ganhou nesta segunda-feira (5) contornos mais dramáticos, acendendo o alerta nos mercados em geral. As Bolsas mundo afora despencam– a B3, brasileira brasileira, não é exceção– e o dólar dispara.

Pelas 16h17, a moeda dos EUA era negociada a R$ 3,965, com alta de 1,89%. No fim, encerrou a R$ 3,957, avançando 1,69%, na maior queda diária em quatro meses. O patamar é o mais elevado desde 30 de maio.


Já o Ibovespa, que é a referência da Bolsa brasileira, caiu 2,51% para 100.098 pontos, menor nível desde 25 de junho. No pior momento do dia, o Ibovespa esteve cotado nos 99.630 pontos. Apenas duas ações fecharam em alta: Marfrig e IRB. Nos EUA, o índice americano Dow Jones escorregava, pelas 16h17, 3,23%, enquanto o Nasdaq, índice da bolsa eletrônica, despencava 3,87%.

A desvalorização da moeda da China, o yuan, e o “tuíte-resposta” do presidente dos EUA, Donald Trump, pela manhã, acirraram os temores de que a guerra comercial entre os dois países, que dura há mais de um ano e meio e que afetou negócios calculados em US$ 360 bilhões por ano, está longe de acabar e tende a ficar mais grave. Há temores de que as disputas comerciais extrapolem para uma guerra cambial, com outros países asiáticos seguindo o exemplo chinês.

Um acirramento da guerra comercial misturado a um cenário de desvalorização artificial das moedas tem potencial para desacelerar o crescimento das economias mundiais, incluindo o Brasil, cenário que afeta as exportadoras e afasta os investidores do mercado de ações, que preferem se refugiar em ativos considerados mais seguros, como dólar e ouro, puxando as cotações dessas aplicações financeiras.

O estopim foi o fato da China, depois de três anos, deixou o dólar romper a marca psicológica dos 7 yuans para um dólar pela primeira vez desde 2008. Embora o Banco Central da China tenha negado ter interferido no câmbio, a verdade é que a desvalorização do yuan deixa Trump numa situação complicada, depois de ter prometido taxar em 10% mais US$ 300 bilhões em produtos chineses na quinta passada (1º).

No tuíte desta segunda, Trump acusou a China de “manipulação cambial” e pediu “ajuda” ao Fed (banco central dos EUA). Ele quer que a autoridade ajude a elevar o caixa das exportadoras, diminuindo seus custos financeiros, deixando-as mais competitivas. Como? Continuando a promover cortes dos juros básicos locais.

O movimento chinês deixa os seus produtos mais baratos no exterior a ponto de continuarem competitivos mesmo com as tarifas adicionais prometidas por Trump. Por outro lado, os produtos americanos ficam mais caros para os consumidores chineses. Assim, para conseguir alcançar seu propósito, de reduzir drasticamente as exportações da China para o seu país, Trump teria de subir a fasquia e anunciar uma taxação maior, e esperar a eventual represália da medida mais séria.

“Até agora, Pequim havia deixado sua moeda em níveis estáveis para “não colocar em perigo” as negociações comerciais com os EUA”, recorda Julian Evans-Pritchard, da consultoria Capital Economics.

Mas superar o valor de sete yuanes por um dólar mostra que as autoridades chinesas “abandonaram qualquer esperança de um acordo comercial” com Washington, afirma Evans-Pritchard.

O presidente do Banco Central da China afirmou em março que o país “jamais utilizaria as taxas de câmbio como uma ferramenta” na guerra comercial. Pequim tenta desde 2015 estabilizar o valor de sua moeda para proteger suas reservas de divisas e evitar grandes fugas de capitais.

Para o economista do Commerzbank Hao Zhou, a decisão chinesa de utilizar sua moeda como arma na guerra comercial pode provocar uma “onda de depreciação” de outras moedas asiáticas, fazendo estremecer os mercados financeiros. “As implicações da desvalorização acima de 7 para 1 são enormes. Parece que um tsunami está a caminho”, disse Zhou.

*Com AFP e agências

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