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Dólar salta a R$ 4,14 com aposta da Selic a 4,25%, Fed dividido e diesel mais caro

Moeda americana sobe quase 1% com novas perspectivas de cortes de juros no Brasil e manutenção das taxas nos EUA; receio de uma nova greve dos caminhoneiros também pressiona o mercado nesta quinta-feira (19)

Bárbara Leite

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Dólar está negociando nesta quinta no patamar mais elevado em duas semanas–Foto: Pixabay

(Publicada às 12h48; atualizada às 14h30 para corrigir que BNP Paribas vê Selic a 4,25% ao ano em fevereiro de 2020, e não em dezembro como publicado anteriormente)

O dólar ante o real salta nesta quinta-feira (19) para R$ 4,14, nível máximo em duas semanas, refletindo os receios com a dupla– redução dos juros no Brasil abaixo de 5% e manutenção das taxas nos EUA. Também voltam as preocupações com a possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros, diante da alta do preço do diesel após disparada do petróleo no mercado internacional.

Pelas 12h15, a moeda americana era negociada a R$ 4,14, com uma valorização de 0,91%, maior nível desde 4 de setembro.

“A alta do dólar é um movimento global desde o anúncio do Fed (BC dos EUA) de ontem. O Dollar Index (cesta de 6 moedas contra o dólar) segue em tendência de alta de médio e longo prazo. Assim, vemos o dólar subindo contra as moedas da Austrália, Canadá, Nova Zelândia, China, Chile, Colômbia”, disse José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

Segundo ele, o fato da decisão do Fomc (o Copom dos EUA) do Fed de cortar a taxa de juro em 0,25 ponto percentual na reunião desta quarta (18) ter placar dividido–7 a favor do corte de 0,25 a 3 contra–, o maior número de dissidentes em três anos, e o gráfico de pontos indicador que a possibilidade de novos cortes também não é consenso pressiona o real.

Dos três membros que foram contra, dois (Esther L. George e Eric S. Rosengren) queriam a manutenção e outro (James Bullard ) um corte maior, de 0,50 ponto percentual, na taxa.

Leia também: Com votação dividida do Fed e Powell, dólar sobe mais e fecha acima de R$ 4,10

O gráfico de pontos aponta que 7 dos 17 membros do Fed são a favor em cortar novamente os juros, mas não se sabe quem. Outros 5 membros projetam manutenção no nível atual e 5 são eram contra os cortes, afirma o diretor da Wagner Investimentos. Com isso, aumentam as apostas que o Fed opte por manter as taxas no encontro de outubro.

“O cenário mais provável é mais um corte na reunião de dezembro”, disse ele.

Cortes nos juros dos EUA tendem a atrair capital ao Brasil, o que seria benéfico para o real e diminuiria a cotação do dólar. Com taxas menores, os títulos americanos de renda fixa pagam menos, e quem deseja ter uma rentabilidade maior precisa “arriscar mais”: colocar dinheiro na Bolsa ou aplicar em países emergentes, como o Brasil.

Se esses cortes não acontecem, o investidor fica com seu dinheiro investido por lá.

Isso combinado com a possibilidade do Copom (Comitê de Política Monetária) reduzir os juros no Brasil abaixo dos 5% deixa o investidor mais afastado do país, uma vez que cortes nas taxas brasileiras deixam, por sua vez, os títulos do governo do país menos atrativos.

BNP Paribas vê Selic em 4,25%

Nesta quarta-feira (18), o Copom cortou a Selic, a taxa básica de juros, em 0,50 ponto, de 6% para 5,5% ao ano, e sinalizou novas reduções até ao fim do ano. Três bancos– Bank of America Merrill Lynch, Bradesco e JP Morgan– já projetavam que a Selic terminasse 2019 em 4,75%.

Nesta quinta (19), o BNP Paribas anunciou que acredita que o BC vai ser ainda mais agressivo e vê a Selic em 4,50% no fim do ano. Isso significa dizer que a taxa ainda pode mais ser cortada em mais 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões– 30 de outubro e 11 de dezembro. O banco projeta ainda um novo corte de 0,25 ponto para fevereiro de 2020, quando a taxa cairá a 4,25% ao ano.

A diminuição da Selic e perspectivas de novos tombos reduz a rentabilidade da arbitragem da taxa de juros (‘carry trade’), o que também pressiona o dólar. “O carry fica pior para nós”, segundo Faria Júnior.

Greve dos caminhoneiros?

Outro fator que adiciona pressão ao dólar é o receio de uma nova greve dos caminhoneiros. Sempre que o preço do diesel sobe mais forte, esse temor volta. Nesta quinta, a Petrobras subiu o preço do diesel nas refinarias em 4,2%, em razão da disparada dos valores do petróleo no mercado internacional, que na, segunda-feira, saltaram 14,6%. A estatal chegou a dizer que iria aguardar para repassar a alta e o presidente Bolsonaro informou que o repasse não seria imediato.

Leia também: Petrobras sobe preço da gasolina em 3,5% e do diesel em 4,2% a partir desta quinta

Na terça (17) e quarta-feira (18), entretanto, os preços do petróleo internacional caíram e recuperaram parte da alta registrada na segunda. Na terça, o petróleo Brent, referência internacional, terminou com queda de 6,5%; já nesta quarta, a commodity (matéria-prima) teve uma baixa de 1,50%, para US$ 63,63 o preço do barril.

Nesta quarta, o petróleo sobe de novo. Pelas 12h15, a cotação do Brent estava em US$ 64,64 o barril uma alta de 1,70%.

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