O dólar, que iniciou em queda, já virou e sobe firme nesta terça-feira (10) com os investidores receosos com a aprovação da reforma da Previdência, após notícias de que as alterações no Senado podem atrasar a tramitação da proposta e o anúncio na véspera de que o plano de antecipar a votação como desejava o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não foi adiante.
Pelas 11h50, a moeda americana era negociada a R$ 4,121, com alta de 0,52%, depois de ter chegado a cair a R$ 4,091. Com isso, o real tem a maior desvalorização em uma cesta com as 17 principais moedas do mundo, segundo dados da Bloomberg. Atrás do real, estão a coroa sueca e a lira turca.
Na véspera, moeda também havia fechado em alta, encostando em R$ 4,099, com cenário externo no radar.
“O real tem a pior performance devido a três coisas importantes: velocidade da reforma, velocidade da reforma e velocidade da reforma. O desempenho do dólar reflete o sentimento do estrangeiro e um atraso adicional na aprovação da reforma da Previdência faz com que ele não acredite mais que ela seja aprovada. Aliado a um receio de que o Banco Central Europeu não seja tão benevolente em adicionar novos estímulos, leva os estrangeiros a sacarem o dinheiro, e para sacar têm de comprar dólar, e assim, o dólar sobe”, explicou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
Nesta terça (10), os investidores reagiam à notícia do jornal “OGlobo” de que o texto principal da reforma da Previdência corre o risco de ser contestado no Judiciário e até pode ter sua promulgação atrasada, devido às alterações propostas pelo relator no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE).
É que, segundo parlamentares, algumas sugestões de Tasso mudam o mérito do texto, já aprovado na Câmara, e precisariam de um novo aval dos deputados, o que atrasaria a sua aprovação. Há ainda o risco das alterações, depois de aprovadas, serem contestadas na Justiça.
Outra notícia que pesa é que, na noite desta segunda-feira (9), Alcolumbre admitiu que, não houve consenso, para começar a votação da reforma nesta semana, como ele queria. ” Não há consenso para antecipar a votação da PEC da Previdência ainda esta semana. A previsão é que a proposta será votada em primeiro turno na semana que vem, respeitando os prazos constitucionais de cinco sessões de discussão no plenário. Não havendo unanimidade, a votação fica para 18 de setembro”, disse o líder do Senado.
Lá fora, os investidores continuam à espera de novidades sobre a guerra comercial entre EUA e China, no momento de mais dúvidas sobre o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia). Além disso, segue a cautela da véspera com a postura do BCE na reunião desta quinta-feira (12). Agora diminuíram as apostas de que a autoridade europeia anuncie um novo pacote de estímulos para fazer frente à desaceleração econômica.