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Dólar ‘ignora’ BC e acordo ‘iminente’ entre EUA e China e sobe com PIB americano

Moeda americana caminha para novo recorde nesta quarta-feira (27), com dados mais fortes da economia americana e ainda na esteira das declarações de Paulo Guedes e falta de fluxo; avanço das negociações comerciais entre as duas maiores potência do mundo e atuações da autoridade monetária não “animaram” o mercado

Bárbara Leite

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Moeda americana fechou na veéspera em novo recorde de R$ 4,24 e alta acumulada no mês de 5,73%–Foto: PIxabay

O dólar comercial ante o real iniciou os negócios estável nesta quarta-feira (27), mas após a divulgação do resultado do crescimento da economia americana acima do esperado passou a subir e caminha para bater um novo recorde. Os investidores “ignoraram” as boas notícias vindas da China e dos EUA de que a primeira fase do acordo comercial está “iminente” e o Banco Central (BC), que realizou três operações para injetar mais liquidez ao mercado, e assim, tentar frear a alta da moeda.

Pelas 13h53, a moeda americana era negociada em R$ 4,264, com alta de 0,56%, depois de ter batido na véspera um novo recorde, nos R$ 4,24. Durante o pregão da véspera, a divisa chegou a passar de R$ 4,27, mas esfriou a alta após o Banco Central (BC) surpreender e entrar no mercado com dois leilões de dólares à vista, quando usa as reservas internacionais, sem recompra no futuro. No mês, a divisa sobe 5,73%; no ano, 9,43%.

À tarde, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que se a instituição entender de novo que há um movimento disfuncional e que há “gap” ou “falta de liquidez” no mercado, voltará a intervir.

“O dólar está se ajustando ao dólar forte no exterior, principalmente depois dos indicadores positivos americanos como o PIB. O mercado doméstico também está trabalhando com essa tendência de alta depois da sinalização do Paulo Guedes”, disse Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.

Leia também: Guedes: ‘É bom se acostumar com câmbio mais alto por um bom tempo’

Nesta quarta, o BC realizou mais três operações para dar mais liquidez ao mercado, uma delas um leilão extraordinário de venda de dólares à vista, mas a moeda não cedeu.

Para Edson Ribeiro Silva, gestor da LAIC-HFM Gestão de Recursos, essas intervenções do BC não têm capacidade para alterar o movimento de longo prazo do dólar, que sofre com a falta de fluxo de capital devido a uma aversão a risco global, crise na Argentina e queda das exportações de “commodities” (matérias-primas), muito por conta da desaceleração global impactada pela guerra comercial.

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O Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2,1% no terceiro trimestre, contra 1,9% previstos. Essa melhora da economia reforça a expectativa de que o Fed (Banco Central dos EUA) pare de cortar os juros, e sem corte, o capital acaba por não migrar para países emergentes como o Brasil. Sem dólar entrando, e com investidores saindo, o dólar sobe e o real cai.

EUA-China: acordo à vista

O mercado chegou a se animar com as declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, na terça (26) à noite de que EUA e China estão próximos de fechar um acordo comercial preliminar. O comentário de Trump veio depois de autoridades de alto escalão de ambos os países terem uma nova conversa telefônica e concordarem em seguir discutindo questões pendentes para finalizar a chamada “fase 1” do acordo.

Também do lado chinês houve uma uma declaração de que o acordo parcial estaria “iminente”.

‘Efeito Paulo Guedes’

A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington, acedeu a luz de alerta no mercado. Ele afirmou não estar preocupado com o dólar alto e sugeriu que a moeda deve continuar nesses patamares por “um bom tempo”.

“O dólar está alto. Qual o problema? Zero. Nem inflação ele (dólar alto) está causando. (…). É bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo”, disse Guedes em entrevista na embaixada brasileira na capital americana, onde participou do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA.

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