O turista terminou a semana um pouco mais aliviado. O dólar comercial, que fechou acima de R$ 4,18, na segunda-feira (2), terminou nesta sexta-feira em R$ 4,08, um tombo de 10 centavos. A queda semanal foi de 1,52%, a maior desde aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, na primeira semana de julho, quando a divisa tombou 2,09%. Naquela época, a moeda operava na casa dos R$ 3,73.
O tombo pode ser atribuído, basicamente, a fatores externos, como a sinalização de uma trégua na guerra comercial entre EUA e China, dados mais fracos no emprego americano, além de outras três notícias positivas ligadas à China: indústria cresceu em agosto, Banco Central local reduziu compulsórios para estimular a economia e Hong Kong acabou com a lei de extradição, que vinha alimentando protestos nas ruas nos últimos três meses e tinha potencial para pressionar ainda mais as tensões entre China e EUA.
Nesta quarta (4) à noite, representantes do comércio dos dois países anunciaram que marcaram uma reunião para outubro, que pode pôr fim às tarifas impostas às exportações americanas e chinesas, que tem arrefecido as economias locais e, se prologada poderia afetar gravemente economias como a brasileira dependente da venda de commodities (matérias-primas).
Entre quarta e sexta, também saíram dados do emprego americano–Payroll (relatório do mercado de trabalho), que mostrou que a economia americana criou 130 mil vagas em agosto, abaixo das 150 mil esperadas pelos analistas– e índices do ISM que sinalizam que a oferta de vagas está caindo.
Com isso, o mercado passou a apostar mais fortemente que o Fed (Banco Central dos EUA) pode promover novo corte nos seus juros na reunião do dia 18 deste mês, em uma medida para animar a economia em desaceleração e elevar os empregos. Cortes de juros nos EUA tendem a atrair capital para países emergentes, como o Brasil, uma vez que os investidores aceitam se arriscar um pouco mais para conseguir juros mais altos.
O presidente do Fed, Jerome Powell, falou nesta sexta, mas não deu indicação se o mercado está certo ou não. “A fala do Powell foi neutra, em cima do muro, e como o Payroll aumentou as chances do ímpeto do corte de juros, o dólar melhorou”, disse Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
A Europa ajudou… E a Argentina também
A Itália formou um novo governo, de centro-esquerda, saindo da coalização com o Liga, partido de extrema direita, e o Parlamento britânico contornou o “irado” novo primeiro ministro, Boris Jonhson, ao aprovar um texto que impede a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, sem um acordo. Ficou definido que o governo tem até o dia 19 de outubro para fechar um acordo com Bruxelas e aprová-lo no Parlamento, caso contrário, o premiê deve pedir à Europa um adiamento de 90 dias. Um saída brusca da UE poderia levar ao caos financeiro em Londres, e contagiar o resto do mundo.
Na Argentina, o Banco Central limitou a compra de dólares para exportadores e pessoas físicas, para impedir uma fuga de capital, que deu resultado. Nesta semana, o dólar ante o peso argentino despencou 6,20% e acalmou os mercados, que vinha penalizando a América do Sul, como um todo, devido à crise no país vizinho.
Avanço da reforma da Previdência
A conclusão da aprovação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a primeira etapa da proposta no Senado, também trouxe alívio ao mercado, sobretudo aos estrangeiros que consideram o nível das contas públicas brasileiras um motivo para não investidores no país.
A reforma sofreu mudanças no Senado. Com o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aprovado, a poupança prevista em dez anos com a reforma, que traz, entre outras novidades uma idade mínima para se pedir a aposentadoria, é de R$ 962 bilhões, acima dos R$ 933,5 bilhões na Câmara, com a inclusão das regras para trabalhadores de Estados e municípios.