O dólar negociou nesta sexta-feira (27) perto da estabilidade e acabou fechando em queda de 0,13% nos R$ 4,156, com anúncio, pela manhã, de que EUA e a China vão retomar as negociações comerciais no dia 10 de outubro. Apesar da queda, o dólar completou, nesta sexta-feira, 31 dias acima de R$ 4.
“O dólar caiu ante o real na esteira das principais moedas do mundo, mas piorou com os EUA considerando limitar o fluxo de investimento dos americanos para a China, cogitando inclusive deslistar empresas chinesas das Bolsas americanas. Teve também um movimento de cautela aqui também”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
Uma notícia publicada pela Bloomberg, no início da tarde desta sexta, azedou o humor dos mercados e limitou a queda do dólar. De acordo com a agência, a Casa Branca estaria avaliando mecanismos para limitar os fluxos de investimentos americanos para a China. Também estaria sendo equacionada a “deslistagem” de empresas chinesas cotadas nas Bolsas americanas.
As medidas podem acabar atrapalhando os avanços na conversas e o fim da guerra comercial entre as duas potências, que já desacelera o crescimento econômico global, pode ficar mais longe.
Na semana, a moeda americana fechou com ligeira alta de 0,07%, longe do avanço de 1,60% registrado na semana anterior. “Nesta semana, os fatores externos ganharam peso considerável, sobretudo o impeachment de Trump, que não passa no Senado, mas gera um inferno astral para ele e para o mercado internacional. Não acredito que o processo vá enfraquecer os EUA nas negociações comerciais com a China, mas os debates sobre o impeachment podem escalar e afetar os mercados”, avaliou Syper.
31 dias acima de R$ 4
O diretor da Mirae Asset lembrou que o dólar completou, nesta sexta, 31 dias acima de R$ 4, patamar que pode ser considerado de um “suporte sintético”, ou seja, com uma saída forte do capital do país e menos ingresso, o dólar está resistindo a cair abaixo desse nível.
Para ele, se a reforma da Previdência não for aprovada no Senado, a moeda pode disparar a R$ 3,50. “Para cima, não tem nenhuma resistência e pode saltar como a gente nunca viu”, alerta Syper. Já se a proposta, que pode gerar economia de ao menos R$ 870 bilhões aos cofres públicos, passar, ele entende que a barreira será rompida e a moeda poderá cair abaixo dos R$ 4.
Próxima semana: agenda cheia e mais cautela
A próxima semana seguirá de fortes emoções, diante da agenda cheia e a continuação das incertezas quanto às negociações comerciais entre EUA e China.
O mercado deve seguir pressionado, podendo o dólar subir mais. No noticiário doméstico, temos a votação da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado, que está prevista na terça (1º).
Já na agenda externa, vão estar no radar a divulgação dos PMI (indicadores que medem a saúde financeira das indústrias) da China, na segunda-feira (30), e da Zona do Euro e dos EUA na terça (1º). Na sexta (4), importa olhar o Payroll (relatório do mercado de trabalho dos EUA) de setembro.
Os dados podem sinalizar se as economias estão sendo muito ou pouco impactadas pela guerra comercial entre os EUA e a China.
De acordo com José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, o fato da moeda americana estar acima dos R$ 4,15, faz com que haja riscos da moeda subir novamente.