(Publicado às 10h20; atualizado às 17h20)
O dólar iniciou os negócios desta quinta-feira (15) em queda, reagindo ao anúncio da véspera de que o Banco Central (BC) irá vender dólares à vista das suas reservas internacionais, algo que não acontecia desde 3 de fevereiro de 2009, época da crise financeira global.
Mas a ameaça da China desta quinta de uma “iminente retaliação” às novas tarifas impostas pelo EUA, eleva os temores de um agravamento da guerra comercial e segura a desvalorização da moeda.
No fechamento, dólar caiu abaixo dos R$ 4–nos R$ 3,99–uma queda de 1,24%. Já o Ibovespa, principal referência da Bolsa brasileira, não resistiu e terminou com pontuação menor que a marca psicológica de 100 mil pontos.
Na véspera, receios de uma recessão global levaram a divisa aos R$ 4,04. Após o fechamento do mercado, o BC divulgou uma mudança na sua forma de atuar no mercado de câmbio, decidindo usar, a partir da próxima quarta-feira (21), parte das reservas internacionais em dólares pela primeira vez desde 3 de fevereiro de 2009, quando a economia sentia os efeitos da crise financeira global.
Autoridades chinesas declararam, nesta quinta, que a imposição de novas tarifas ao país a partir de 1º de setembro viola o acordo entre os presidentes da China (Xi Jiping) e dos EUA (Donald Trump) e, que diante disso não terão outra escolha a não ser adotar “medidas necessárias de retaliação”, deixando o mundo atento ao que pode ser o próximo grande pivô para uma nova escalada de tensões entre as duas maiores economias globais.
A China não especificou o que pode fazer em resposta às taxas de 10% que devem ser impostas a US$ 300 bilhões em produtos chineses no mês que vem, mas a declaração já causou mal-estar nos mercados.
Decisão: acertada
Em resposta à escalada do dólar, resultado da crescente preocupação com a desaceleração das economias em meio à guerra comercial entre EUA e China, o BC disse que vai vender dólares à vista entre os dias 21 e 29 de agosto no valor de US$ 550 milhões por dia.
Nesse período, diz, seguem os leilões de swaps cambiais reverso (o equivalente a vender dólares no futuro) que vinham sendo feitos nos últimos tempos para conter a alta da divisa dos EUA. Para a autoridade os leilões não atenderiam sozinhos à demanda por moeda estrangeira gerada pela “conjuntura econômica atual”.
Para o mercado, a iniciativa do BC é positiva e a adequada neste momento de turbulência.
“O Banco Central volta a usar um instrumento que é mais adequado no momento, devido à forte demanda por dólares vinda da Argentina. Diversas casas de câmbio têm parado suas operaçōes constantemente devido à forte volatilidade da moeda”, avalia Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
Segundo Sérgio Goldenstein, sócio-gestor da Mauá Capital, a oferta de dólares à vista irriga o mercado de câmbio e junto com o swap reverso deverá fazer com que o “cupom cambial (taxa de juros em dólar paga nestas operações) ceda de forma significativa” o que acabará sendo “bom para o real”. Ao mesmo tempo, a medida vai reduzir a dívida bruta pública, lembra.