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Com dados de emprego nos EUA e guerra comercial, dólar sobe mais e vai a R$ 3,89

Divisa sofre quarto pregão de alta, diante de temores com desaceleração global e postura mais conservadora do BC americano

Bárbara Leite

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Cenário externo volta a pressionar a divisa dos EUA -Foto: Reprodução

(Publicada às 12h53; Atualizada às 19h10)

O nervosismo tomou conta do mercado de câmbio brasileiro pelo quinto pregão consecutivo. Nesta sexta-feira (2), o dólar fechou acima da marca de R$ 3,89, ainda repercutindo as preocupações com o agravamento da guerra comercial entre os EUA e China, após anúncio do presidente Trump na véspera, e novos dados do emprego americano.

No fechamento, a moeda dos EUA subiu 1,14% para R$ 3,892, na maior alta diária desde 14 de junho (+1,16%) e o maior patamar de fechamento desde 17 de junho. Na máxima do dia, o dólar foi a R$ 3,894.

Na semana, o dólar saltou 3,13%, maior apreciação para o período desde a semana encerrada em 17 de maio (+4%).

“Dados de emprego dos EUA mostraram alta, ampliando a volatilidade implícita do dólar aqui no Brasil. O payroll registrou 164 mil novos empregos, em linha com o mercado, mas os salários subiram mais que o previsto, algo que estava fora das expectativas”, explicou Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset.

Nesta sexta (2), o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou o relatório de emprego de julho, o chamado “Payroll”. Segundo o órgão, foram criados, por lá, 164 mil empregos (sem contar o setor agrícola) no mês passado, número em linha com mercado, enquanto os salários médios por hora aumentaram 0,3%, dado acima do previsto.

Um aumento dos ganhos salariais acima do esperado pode pressionar a inflação americana, fazendo com que o Fed (banco central dos EUA), como já sinalizou nesta semana, ponha mesmo o “pé no freio” para novos cortes dos juros.

Se o Fed decide não reduzir as suas taxas, ao mesmo tempo em que o Banco Central brasileiro promove cortes por aqui-o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que a Selic deve cair abaixo dos 6% até ao fim do ano-, os investidores tendem a manter o seu dinheiro aplicado lá, onde as aplicações são consideradas mais seguras e ainda pagam um juro mais elevado. Com menos entrada de dólares no país, o real cai e a moeda dos EUA sobe.

Guerra de tarifas

O aumento da guerra comercial entre os EUA e a China é outro fator que gera instabilidade no mercado de câmbio nesta sexta (2). Na véspera, o presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou que, a partir de 1º de setembro, o país aplicará taxas de 10% a mais US$ 300 bilhões em produtos comprados da China, em mais um episódio na guerra de tarifas entre os dois países que já dura há mais de um ano e meio.

Segundo Spyer, “a tensão comercial do trade war (guerra comercial), que pode desacelerar a expansão do PIB (Produto Interno Bruto, riqueza produzida em um país) mundial também puxa o dólar nesta sexta. Trump falou em 10% mas circula que elas podem chegar a 25% e ainda haver retaliações da China. Isso vai ser ruim para a economia americana e para a economia chinesa”.

Uma desaceleração das duas maiores economias mundial tende a impactar as exportações globais, incluindo as brasileiras, movimento que afetaria os negócios das empresas por aqui, que deixariam de ser tão atrativas.

*Com Reuters

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