O dólar abriu a negociação, nesta terça-feira (6), em queda, após uma segunda-feira negra para os mercados mundiais. A atuação do Banco Popular da China (banco central chinês) para conter a queda do yuan trouxe alívio, melhorando o humor aqui e no exterior. A autoridade chinesa, porém, emitiu um comunicado com duras críticas aos EUA, que também está no radar dos investidores.
Pelas 9h34, a moeda dos EUA recuava 0,28% para R$ 3,946, depois de ter acelerado 1,68% na véspera, na maior alta desde março. No fechamento, a divisa fechou a R$ 3,957.
Nesta segunda (5), a China, depois de três anos, deixou o dólar romper a marca psicológica dos 7 yuans para um dólar pela primeira vez desde 2008. Embora o Banco Popular tenha negado ter interferido no câmbio, o movimento foi visto como uma maneira da China baratear o preço das suas exportações e compensar uma alta que seus produtos vendidos aos EUA terão com a novas taxas prometidas por Donald Trump, presidente dos EUA, na última quinta-feira (1º). A partir de 1º de setembro mais US$ 300 bilhões de produtos da China importados pelos EUA pagarão mais 10% de taxa. Um yuan mais fraco, por outro lado, faz com que os produtos americanos sejam mais caros no mercado chinês.
A desvalorização da moeda acendeu um alerta nos mercados, com temores de que outros países asiáticos pudessem seguir a China, depreciando suas moedas para conseguir vantagens competitivas no comércio com o exterior, gerando uma nova crise cambial.
Além disso, também aumentaram os receios de que a queda “proposital” do yuan–Trump acusou a China de “manipulação cambial”– desencadeasse uma onda ainda mais forte de represálias pelo EUA, provocando uma desaceleração maior nas economias americana e chinesa-com impacto global-, ao mesmo tempo em que ficaria mais longe um possível acordo para terminar a guerra comercial entre EUA e China, que já dura há mais de um ano e meio e já afetou negócios estimados em US$ 360 bilhões.
Nesta terça (6), a atuação do BC da China para deixar o yuan mais forte agradou e amenizou os temores globais. Após ter fixado, na segunda-feira, a taxa de referência da moeda chinesa em 6,9225 yuans por dólar, o BC chinês estabeleceu uma cotação de 6,9683 para terça-feira, acima das previsões dos analistas.
Além de fixar o yuan numa taxa maior do que o estimado–mas ainda abaixo dos 7 yuans–, o BC chinês anunciou a venda de US$ 4,2 bilhões em títulos denominados na moeda chinesa no mercado de Hong Kong, medida que deve contribuir para evitar uma depreciação adicional do câmbio local.
Com a ação do BC chinês, as Bolsas asiáticas tiveram perdas menores nesta terça-feira (6). Em Xangai, a queda foi de 1,56%, contra 1,64% na véspera. Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 0,65%, contra 1,74% na segunda-feira.
EUA podem trazer caos aos mercados financeiros
Mas, se a atuação do BC chinês no mercado contribuiu para aliviar a tensão nas Bolsas e no câmbio, a autoridade monetária da China fez um discurso duro contra os EUA, depois que o Tesouro americano classificou o país como “manipulador de câmbio”, após o tuíte de Trump.
Segundo o Banco Popular, a decisão dos EUA de classificarem o país como manipulador do câmbio levará a “graves prejuízos para a ordem financeira internacional e causará caos no mercado financeiro”.
A autoridade nega ter agido para desvalorizar o yuan e ganhar vantagens comerciais. “A China não usa e não usará a taxa cambial como uma ferramenta para lidar com as disputas comerciais”, diz o órgão, em nota.
Para o órgão, “a decisão dos EUA de intensificar as tensões cambiais na segunda-feira também vai impedir a recuperação econômica e do comércio globais”.
*Com agências