O dólar, que iniciou os negócios em alta rompendo a marca dos R$ 4,10 com cautela nos mercados externos, virou e passou a cair com o anúncio da alta hospitalar do presidente Jair Bolsonaro para esta tarde.
Pelas 13h15, a moeda americana era negociada a R$ 4,084, com queda de 0,09%, depois de ter subido a R$ 4,105 mais cedo.
“Essa virada forte do dólar é uma zerada de um posicionamento especulativo, que fez o real se deslocar de outras moedas na semana passada. Era provavelmente uma aposta em uma complicação da saúde de Bolsonaro, que poderia atrasar da aprovação da reforma da Previdência. Como o Bolsonaro vai receber alta hoje, todo o mundo está zerando a posição”, diz Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
O Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, informou que o presidente terá alta à tarde, após uma sessão de fisioterapia. Segundo o porta-voz da presidência da República, Otávio Rêgo Barros, o presidente viaja ainda nesta segunda para Brasília.
Bolsonaro está internado em São Paulo desde o dia 7 de setembro. Ele se recupera de uma cirurgia feita em razão da facada levada durante a campanha para as eleições presidenciais de 2018.
O dia também é marcado pelo vencimento de opções no mercado de ações, que costuma mexer com os ativos.
O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, que caía pela manhã, passou a subir e estava nos 103.758 pontos, com alta de 0,27%.
Cautela com ataques na Arábia Saudita e dados da China
A cautela no mundo inteiro, porém, prevalece, em meio à disparada nos preços do petróleo, após ataques a instalações na Arábia Saudita, e de dados da China que fortaleceram temores sobre a desaceleração na segunda maior economia do mundo.
Os preços do petróleo subiram quase 20% na máxima desta segunda, após um ataque com drones às instalações de refino da Saudi Aramco, que levou a Arábia Saudita a cortar pela metade sua produção de petróleo, o equivalente a cerca de 6% da oferta global do produto. O petróleo Brent (referência mundial), entretanto, amenizou a alta e era negociado com valorização de cerca de 8%.
Os alvos dos dez drones foram a refinaria de Abqaiq e o campo petrolífero de Khurais, um ataque que foi considerado pela Agência Internacional de Energia como tendo provocado a maior interrupção de oferta de crude da história.
A agência refere que a disrupção foi superior à provocada pela invasão do Kuwait em 1991 e pela revolução iraniana em 1979 que gerou, então, o segundo choque petrolífero da história.
“Esse evento (ataque às instalações petrolíferas da Saudi Aramco) é recessivo e inflacionário, podendo fazer com que os Bancos Centrais diminuam o ímpeto do corte de juro”, explicou Syper. Segundo ele, a tendência é de “uma fuga para qualidade (“flight to quality”) global.
O Fed (banco central dos EUA) se reúne nesta quarta (18) para decidir o rumo das taxas de juros. O mercado ainda aposta em um novo corte nas taxas, mas a disparada nos preços do petróleo, com impacto na inflação, pode mudar a estratégia da autoridade mais à frente. Cortes nos juros por lá tendem a atrair capital ao Brasil.
Além dos problemas com o petróleo, dados da China, divulgados nesta segunda, também desanimam. Eles mostram que a produção industrial chinesa está crescendo no ritmo mais fraco em 17 anos e meio, reflexo da guerra comercial com os EUA, o que gera receios de uma recessão na potência asiática.
Temor de conflito armado com Irã cresce e preocupa
As preocupações do mercado se intensificam com a situação geopolítica na região e o agravamento das relações entre o Irã e os EUA. Autoridades da Arábia Saudita informaram nesta segunda que os drones não eram do Iêmen, mas do Irã. O grupo de rebeldes houthis do Iêmen reivindicou o ataque, mas autoridades americanas culparam o Irã pelo atentado, posição reforçada pelo aliado americano.
O presidente Donald Trump, disse que os EUA estão preparados para uma possível resposta ao ataque.
Aumentou o receio de bloqueio pelo Irã do Estreito de Ormuz, por onde passam 30% das exportações de petróleo por via marítima, o que pode desencadear um quarto choque petrolífero (depois dos registados em 1973, 1979 e 1991). O impacto deste potencial choque poderá ser inferior aos efeitos negativos dos choques anteriores, em virtude da redução da dependência do petróleo por parte das economias.