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Apesar de alívio comercial, dólar volta a R$ 4,10 com deflação; ata do Fed segura alta

Inflação negativa em setembro elevou as expectativas de cortes de juros no Brasil, o que afasta investidores que ganham com especulação com as taxas; a sinalização de que os EUA devem seguir cortando os juros ajudou a atenuar esse receio

Bárbara Leite

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Dólar chegou a cair com notícias de que a China está mais disposta a ceder para fechar um acordo com os EUA–Foto: Pixabay

O dólar andou de lado nesta quarta-feira (9) apesar do otimismo com a possível trégua na guerra comercial entre EUA e China, após a divulgação da inflação negativa de setembro, que aumentou as expectativas de novos cortes nos juros no Brasil.

No fechamento, a moeda americana encerrou com alta de 0,29% a R$ 4,104, em dia em que a divisa chegou a cair a R$ 4,0606.

A valorização poderia até ter sido maior, mas a ata da última reunião do Fed (Banco Central dos EUA) veio dar uma acalmada nos ânimos.

O que desanimou os investidores foi que a deflação de 0,04% em setembro, com quedas dos preços de alimentos e eletrodomésticos, levou o IPCA (inflação oficial) a terminar em 2,89% no acumulado de 12 meses, abaixo do esperado pelo mercado e da marca dos 3%. O indicador abre espaço para o Banco Central (BC) cortar ainda mais a taxa básica de juros, a Selic, até ao fim do ano.

Leia também: Brasil tem deflação de 0,04% em setembro, a menor para o mês em 21 anos

O juro básico está atualmente em 5,50% ao ano, e antes da divulgação da inflação de setembro, o mercado esperava que a Selic fechasse o ano em 4,75%. Após os números, o UBS anunciou que já revisou suas projeções para a Selic e agora vê a taxa em 4,50% no fim do ano, contra 4,75% antes. O banco pode ser seguido por outras casas de investimentos.

Essa queda na Selic, que não deve ser acompanhada na mesma intensidade pelo Fed (Banco Central dos EUA), afasta do Brasil investidores que ganham com especulação de taxas de juros, puxando o dólar.

Leia também: Após deflação, UBS corta projeção para Selic e vê juro básico em 4,5% no fim do ano

Isso acontece porque, com baixa da Selic maior aqui do que a dos juros dos EUA, cai o ganho de quem pega dinheiro num país com taxa de juros baixa (como os EUA) e aplica a quantia no Brasil, destino que paga retornos maiores. Com isso, o fluxo de capital que viria para o Brasil vai para outros países, como o México.

O dólar subiu com o mercado antecipando esse cenário. A ata do Fed aliviou alta porque mostrou que os membros da autoridade americana estão mais pessimistas com o crescimento econômico dos EUA, sinalizando que podem estar mais inclinados a cortar os juros para animar a economia. Se os juros caem por lá, o diferencial das taxas entre Brasil e EUA fica menor, diminuindo a fuga dos investidores.

China e EUA: acordo parcial?

O dólar “ignorou” o otimismo geral, após duas notícias, divulgadas nesta quarta-feira (9), véspera da retomadas das negociações entre EUA e China, sugerirem que os chineses, apesar das ações hostis dos americanos, estão dispostos a ceder para fechar um acordo e acabar com a guerra de tarifas, que se arrasta há mais de um ano e penaliza economias e empresas dos dois países e do resto do mundo.

Citando um funcionário com conhecimento direto das negociações, a Bloomberg informou que a China está preparada para aceitar um acordo comercial parcial, desde que não sejam impostas mais tarifas pelo presidente Donald Trump. O relatório acrescenta que Pequim ofereceria concessões não essenciais, como compras de produtos agrícolas em troca, mas não cederia nos principais pontos de discórdia entre as duas nações.

O jornal Financial Times, por sua vez, noticiou que a China se ofereceu para comprar mais de 10 milhões de toneladas de soja para facilitar o acordo. Inicialmente, a matéria falava de US$ 10 bilhões em compras de produtos americanos, mas a informação foi corrigida.

Reforma da Previdência: destravada

O mercado de câmbio também acabou por não reagir positivamente ao acordo no Congresso para destravar a votação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado.

O líder do governo no Senado, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), anunciou nesta terça, pouco antes do mercado fechar, que chegou a acordo com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para votar um projeto de lei com a divisão dos recursos da chamada cessão onerosa, o leilão de petróleo excedente do petróleo do pré-sal, que vai acontecer em 6 de novembro.

A definição da divisão dos recursos, estimados em R$ 106 bilhões, estava dividindo senadores e deputados e travando a reforma, pois havia articulação na Câmara para reduzir a parcela acordada de 15% dos Estados na divisão, aumentando a dos municípios, também acertada em 15%. O PL vem atender aos pedidos dos Estados e dos governadores do Sul/Sudeste, que estavam saindo penalizados com os critérios da divisão, que beneficiaria aqueles com menor renda per capita.

O texto ainda deve ser votado nesta quarta-feira (9) pela Câmara e na terça-feira (15) da próxima semana pelo Senado. Maia disse que havia uma chance “muito grande” da Câmara votar nesta quarta-feira o projeto que define critérios de repartição de parte dos recursos.

Nesta quarta (9), o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o leilão da cessão onerosa.

Com a definição, a votação do segundo turno da reforma da Previdência no Senado ficará para o dia 22, sem mais adiamentos.

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