(Atualizado às 8h09)
A nova linha de financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal (CEF), que tem taxas fixas entre 2,95% e 4,95% e será reajustada pelo índice de inflação oficial, o IPCA, já teve mais de 600 mil consultas no site da instituição, em dez dias — desde o anúncio, no dia 13 deste mês, até esta sexta-feira (23), informou o presidente do banco, Pedro Guimarães.
A nova linha começa a ser disponibilizada nesta segunda (26).
“Está todo mundo curioso, as pessoas querem entender [quais as vantagens]”, afirmou.
No novo modelo, as taxas fixas são mais baixas que as da linhas de empréstimo para a compra de casa própria oferecidas, atualmente, que usam outro índice para reajustar as parcelas do financiamento: a Taxa Referencial (TR).
No financiamento pelo IPCA, as taxas fixas, sem contar com o índice, oscilam entre 2,95% e 4,95%, sendo que as taxas menores são conseguidas pelos bons pagadores e que têm uma boa relação com o banco.
As no financiamento pela TR, elas variam de 8,50% a 9,75%. Mas, como atualmente a TR é igual a zero, o mutuário só paga taxas de 8,50% a 9,75% neste tipo de crédito para a compra de imóvel.
Já na nova modalidade, além da taxa fixa, será preciso acrescentar a inflação no período, que mudará a cada mês. O IPCA acumula alta de 3,22% até julho. A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, sinalizou que ela deve cair em agosto.
Assim, no novo modelo, as taxas neste mês vão oscilar de 6,17% (2,95%+ 3,22%) a 8,17% (4,95% + 3,22%). Ou seja, neste mês, o mutuário pagaria taxas mais baixas no novo financiamento, mesmo aqueles que só conseguirem pegar a taxa fixa máxima.
Modalidade exige cautela; Caixa admite rever condições caso a inflação suba
A contratação da nova modalidade, porém, exige cautela, já que o novo índice que ajusta as parcelas é a inflação, e ela pode disparar como aconteceu no passado. Neste caso, o custo de financiamento poderia ficar acima do modelo corrigido pela TR.
Guimarães admitiu que o tomador do empréstimo assume o risco inflacionário, mas disse que a TR, embora zerada atualmente, também pode ser elevada ao longo dos anos, e que o banco pode rever as condições em caso de mudanças drásticas na economia. Em 1996, 1997 e 1998, a TR aumentou, lembrou ele.
“Nós nunca anunciaríamos uma operação como essa que não fosse matematicamente calculada e nos dá a oportunidade de oferecer essa linha para a população brasileira”, disse o executivo, no lançamento da modalidade.
Segundo simulações da Caixa, a parcela vai ficar 35% mais barata, no caso de quem paga a taxa máxima nas duas modalidades, e 51% menor, para quem consegue a mínima em relação ao financiamento mais caro com a TR.
“Tem um pouco mais de risco, então é calibrar. Se você fica alguns anos economizando 30% a 50% ao mês você tem uma gordura para a hora em que tem um pouco mais de inflação”, afirmou.
“Quanto mais cedo tiver inflação maior, maior é o risco. Se você tem crédito imobiliário de vinte anos e a inflação por ventura aumente daqui a dez anos, o seu saldo a pagar é menor, por isso a mensalidade aumenta pouco”, afirmou Guimarães.
Prazo do novo empréstimo imobiliário será de 30 anos e de 80% do valor do imóvel
As novas taxas valem para novos contratos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) para imóveis residenciais novos e usados.
O banco pretende atingir, inicialmente, um público de 150 mil famílias.
Essas linhas de crédito, que estão no âmbito SFH, permitem o uso do FGTS para pagar as prestações e amortizar o saldo devedor do financiamento do imóvel. No SFH, é possível comprar imóveis avaliados em até R$ 1,5 milhão.
Para aumentar a garantia das operações, o prazo do financiamento — que hoje pode chegar a 35 anos –será mais curto, de no máximo 30 anos.
O comprometimento de renda, ou seja, o valor da prestação, que pode atingir 30% do salário hoje, também será menor, de 20%.
A quota do financiamento, segundo a Caixa, será de 80% do valor do imóvel. Atualmente, a quota chega a 90%.
Banco vai vender título de renda fixa
A Caixa só vai conseguir oferecer uma modalidade de crédito imobiliário com taxas fixas mais baixas, uma vez que o uso da indexação ao IPCA permite que o banco emita títulos de renda fixa ligados a esse empréstimos, como o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e o LCI (Letra de Crédito Imobiliário).
Com a venda desses títulos, chamada de securitização, o banco antecipa o recebimento dos financiamentos imobiliários e poderá emprestar mais novamente, compensando o que perde nas taxas com volume de oferta de crédito.
Segundo Guimarães, isso não poderia ter sido feito com a TR, uma vez que não há demanda para ativos atrelados a essa taxa.
Como a Caixa detém 70% do mercado de crédito imobiliário do país, outros bancos devem seguir o exemplo e oferecer a nova modalidade de crédito imobiliário atrelado ao IPCA.
*Com agências