O mercado de aluguel de patinetes elétricos teve uma nova baixa nesta semana, depois que a americana Lime decidiu deixar o Brasil.
A Grow anunciou nesta quarta (22) que as patinetes elétricas, que usam o selo Grin, vão deixar de operar em 14 cidades: Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Goiânia, Porto Alegre, Campinas (SP), Santos (SP), São Vicente (SP), São José dos Campos (SP), São José (SC), Torres (RS), Guarapari (ES), Vitória (ES) e Vila Velha (ES).
Elas ainda seguem disponíveis em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, para “alegria” dos “Faria Limers”, apelido dado a quem trabalha na região da av. Faria Lima, em São Paulo, conhecida por possuir escritórios de alto padrão, como os de grandes bancos e corretoras.
A empresa informou também a suspensão total e temporária dos empréstimos de bicicletas da marca Yellow em todas as cidades em que atuava no Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
O anúncio ocorre no mesmo mês em que a Lime (avaliada em US$ 2,4 bilhões) desistiu do Brasil e da América Latina, em busca de melhores resultados financeiros, apenas seis meses após desembarcar no país.
A companhia afirmou que a decisão é parte de estratégia global da empresa para alcançar sustentabilidade financeira. A Lime encerrará suas operações em 12 cidades, incluindo em sete da América Latina. No Brasil a empresa tem operações em São Paulo e Rio de Janeiro.
Lime deixará de atuar em São Paulo nas próximas semanas e no Rio de Janeiro nos próximos meses, informou a empresa no início do ano.
Nos últimos quatro anos, startups passaram a oferecer empréstimos de bicicletas e patinetes que ficam espalhadas pelas cidades, sem pontos fixos, e são liberadas por smartphones. A estratégia tenta repetir o sucesso da Uber, que criou um novo mercado e levantou milhões de dólares em investimentos, mesmo sem dar lucro.
O que deu errado
A ideia deu certo no início. Novos nomes como Mobike, Ofo e Lime espalharam milhares de veículos leves e coloridos por cidades da Ásia, dos EUA e da Europa e atraíram a atenção dos investidores.
No entanto, as bikes e patinetes se mostraram pouco resistentes e foram parar em locais indesejados, como calçadas, onde atrapalhavam pedestres, ou no fundo de rios, o que gerava custos de remoção. Com isso, os governos foram apertando as regras, de modo a restringir as operações.
O modelo sem estações fixas busca facilitar a vida dos usuários, ao permitir seguir até a porta do local desejado. No entanto, torna mais difícil garantir a oferta de veículos nos mesmos pontos todos os dias, algo fundamental para fidelizar o público e, assim, ter receitas estáveis.
A Grow é considerada a maior empresa da chamada micromobilidade na América Latina. Foi criada em janeiro de 2019, com a fusão da mexicana Grin e da brasileira Yellow, e levantou ao menos US$ 150 milhões em investimentos. Atua em sete países da América Latina.
Empresas de empréstimo de bikes e patinetes no Brasil
Grow
Donas das marcas Grin e Yellow, restringiu sua operação no país apenas a patinetes em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba
Tembici
Opera os serviços Bike Sampa, Bike Rio, Bike Santiago (Chile) e outros, em parceria com o Itaú e outras empresas
Pegbike
Opera o serviço Ciclosampa, de empréstimo de bicicletas em São Paulo, em parceria com a Bradesco Seguros
Scoo
Oferece patinetes em algumas estações de metrô de São Paulo. Tem planos de também emprestar bicicletas
Uber
Aluga patinetes elétricas em Santos (SP) e negocia trazê-los a São Paulo. No exterior, também empresta bikes elétricas em várias cidades, com a marca Jump.
*Com Folha.com