Economistas consultados pelo Banco Central (BC) cortaram a projeção para a taxa básica de juros, a Selic, para o fim de 2019, depois da inflação mostrar fraqueza, ao mesmo tempo em que derrubaram as estimativas para a inflação oficial medida pelo IPCA tanto para o fim deste ano como para o próximo. A previsão para o dólar para o fim do ano que vem foi reajustada para cima, assim como a estimativa para o crescimento da economia neste ano.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (21), a nova projeção para o juro básico em 2019 é de 4,50% ao ano, contra 4,75% na semana anterior. Isso significa que o mercado acredita que provavelmente o Comitê de Política Monetária (Copom) vai promover dois novos cortes na taxa de 0,50 ponto percentual cada para a Selic cair dos atuais 5,50% ao ano. Faltam apenas duas reuniões do Copom em 2019–30 deste mês e 11 de dezembro. Para 2020, a estimativa foi mantida em 4,75%.
O corte se dá após várias casas de investimentos, como UBS e Bradesco, terem reduzido as projeções do juro básico para 2019, para 4,50% ao ano, diante do enfraquecimento dos preços e retomada ainda lenta da economia brasileira.
Ao mesmo tempo, o mercado também passou a ver taxas menores de inflação para 2019, dos anteriores 3,28% para 3,26%. Para 2020, o corte foi maior, de 3,73% para 3,66%.
As revisões se dão após o país apresentar dados mais fracos do índice de preços em setembro e das atividades de serviços e varejo em agosto, além da projetada queda da taxa da bandeira amarela da conta da luz, até ao final do ano.
Há visões mais radiciais, como do Itaú Asset Manegement, que já projetam a Selic em 4% no fim do ano, mas o dado da semana passada, a segunda prévia do IGP-M, a chamada inflação do aluguel, que veio mais forte do que o esperado, com alta de 0,85%, deve frear as apostas de cortes ainda maiores no juro básico.
Os dados indicam que há uma menor pressão sobre os preços, que, por sua, vez, abre espaço para o Copom do BC cortar mais os juros, para animar a economia que cresce de forma lenta, sem gerar inflação.
Projeções para PIB e dólar sobem
O Boletim Focus também mostra uma leve melhora para as estimativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) do Brasil em 2019, da alta anterior de 0,87% para 0,88%. Para 2020, a projeção foi mantida em alta de 2%.
Os economistas também aumentaram a projeção para o dólar em 2020 para R$ 4, mesmo patamar esperado para o fim deste ano. A estimativa anterior previa que a moeda americana encerrasse 2020 em R$ 3,95.
Confira o resumo das novas projeções do Boletim Focus:
- Selic: 4,50% ao ano (2019) e 4,75% (2020)
- PIB: 0,88% (2019) e 2% (2020)
- IPCA: 3,26% (2019) e 3,66% (2020)
- Dólar: R$ 4 (2019) e R$ 4 (2020)