A frustração com a fraca participação de empresas estrangeiras no megaleilão de petróleo do pré-sal da cessão onerosa, realizado nesta quarta-feira (6), fez o dólar fechar em forte alta após um começo da manhã em queda.
No fechamento, a moeda americana terminou com avanço de 2,22% nos R$ 4,082, depois de chegar a cair a R$ 3,977 mais cedo. Trata-se da maior valorização do dólar desde 27 de março (2,27%).
“A frustração com megaleilão do petróleo do pré-sal fez o dólar estressar bastante, porque havia uma expectativa de entrada forte de dinheiro. Não há nenhum problema de credibilidade do país. O dólar subiu por uma razão técnica, iam entrar bilhões de dólares e não vão entrar mais. O resultado do leilão não afeta a confiança no país”, destacou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
O certame teve ofertas para apenas duas das quatro áreas em licitação, e as duas com ofertas não tiveram ágios, fazendo com que a União arrecadasse R$ 69,96 bilhões, 66% abaixo dos R$ 106,5 bilhões esperados.
A Petrobras foi a grande protagonista do leilão, ficando com 90% do consórcio que arrematou Búzios (os restantes 10% são divididos entre as chinesas CNODC Brasil e CNODC Petroleum), e 100% de Itapu. Nas duas ofertas, a estatal que não teve concorrência. As outras duas áreas (Atapu e Sépia) não receberam lances.
Como o leilão não teve a participação de empresas estrangeiras, à exceção das chinesas, apesar de estarem 13 habilitadas, o fluxo de capital esperado até ao fim do ano–os pagamentos dos bônus de assinatura (valor pago à União para arrematar o bloco) têm de ser pagos até 27 de dezembro–não ocorrerá como era esperado. Uma entrada de dólares iria puxar o real, barateando a moeda americana.
No momento da abertura dos envelopes, em que foi confirmado que a estatal tinha 90% do consórcio para Búzios, o bloco mais importante do certame, o dólar disparou a R$ 4,04. A moeda foi subindo à medida que foi percebida a ausência das grandes petrolíferas mundiais.
Além do fluxo menor que o esperado, os investidores também não gostaram que a ausência das principais empresas do setor resultasse em uma menor arrecadação à União, o que vai aliviar menos o déficit das contas públicas.
Por detrás do desinteresse das principais petroleiras do mundo pela rodada, estão os altos valores do bônus–Búzios saiu por R$ 68,199 bilhões, Sépia custava R$ 22,859 bi e Atapu estava por um valor mínimo de R$ 13,742 bilhões–, associados às incertezas em torno da compensação que terá de ser paga à Petrobras pelas vencedoras.
De acordo com o “O Globo”, as principais companhias do setor começaram a negociar essa compensação à Petrobras há 10 dias, mas a estatal teria exigido valores muito altos, o que as acabou afastando do megaleilão. É que por já ter explorado os quatro blocos e ter descoberto e produzido petróleo por lá, a estatal terá de ser ressarcida, mas esses valores não constatavam do leilão, seriam definidos caso a caso.
Lá fora, pesaram as informações de que o acordo parcial comercial entre China e EUA só deverá ser fechado em dezembro.