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Dólar sobe com varejo, IPCA e bandeira amarela, mas tuíte de Trump alivia alta

Moeda americana, que chegou a subir a R$ 4,138 nesta quinta, com aposta de queda mais forte dos juros no Brasil, negociava mais perto da estabilidade contagiado pelo otimismo com as negociações comerciais entre EUA e China

Bárbara Leite

Publicado

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Mercado segue atento ao desenrolar das conversas entre autoridades chinesas e americanas nesta quinta–Foto: Pixabay

(Publicado às 14h15; atualizado às 19h20)

O dólar, que chegou a disparar a R$ 4,1386 na manhã desta quinta-feira (10), dia da retomada das negociações comerciais entre EUA e China, negociou perto da estabilidade no início da tarde, depois do tuíte do presidente americano Donald Trump alimentar otimismo quanto ao desfecho das conversas entre as duas potências econômicas, mas acabou fechando com valorização de 0,48%, a R$ 4,124.

“O dia é de vaivém com notícias das negociações comerciais entre EUA e China. O dólar sobe e o juro cai com a deflação anunciada na véspera, as vendas do varejo decepcionantes e a bandeira amarela. Tudo aponta para menos inflação, que aponta para um juro mais baixo, que aponta para a diminuição do interesse pelo ‘Carry Trade'”, disse Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

O diretor da Mirae se referia a três dados que sugerem que a inflação no Brasil está baixa ou vai ficar ainda menor, o que dá espaço para o Banco Central (BC) cortar os juros em uma intensidade até maior do que a esperada anteriormente.

Nesta quarta (9), o IBGE divulgou que a inflação de setembro ficou negativa em 0,04%, levando a taxa acumulada em 12 meses em 2,89%, o que elevou as expectativas de uma taxa básica básica de juros, a Selic, ainda menor no fim do ano. O UBS, logo após a divulgação dos números, passou a ver a Selic em 4,50% ao ano contra 4,75% antes.

A aposta da Selic menor, devido a uma inflação fraca, foi reforçada nesta quinta (10), com divulgação das vendas do varejo, que subiram menos que o esperado em agosto–alta de 0,1% ante os projetados 0,3%– e tiveram uma forte baixa em julho (IBGE revisou a alta de 1% para 0,5%), além da notícia de que a tarifa de energia elétrica da bandeira amarela, cobrança extra da conta da luz a cada 100 killowatts-hora (kWh) consumidos, deve cair dos atuais R$ 1,50 para R$ 1,34. Tarifa mais baixa, menos pressão sobre os preços.

Segundo o “Valor Econômico”, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone da Nóbrega, firmou o compromisso de redução da taxa extra da conta da luz até ao fim do ano, com o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA).

Essa queda na Selic, que não deve ser acompanhada na mesma intensidade pelo Fed (Banco Central dos EUA), afasta do Brasil investidores que ganham com especulação de taxas de juros, puxando o dólar. Com o Brasil pagando menos juros, fica menos interessante fazer o chamado “Carry Trade”– quando se pega o dinheiro em um país que paga uma taxa de juros mais baixa, como os EUA, e se aplica a quantia em outro destino que pague retornos maiores (caso de emergentes, como o Brasil).

O dólar sobe com antecipação desse cenário, de taxas de juros mais baixas no Brasil.

Negociações comerciais: otimismo prevalece sobre cautela

Apesar de estar pesando mais no câmbio a esperada queda no fluxo para o Brasil, os mercados em geral se animaram com os possíveis avanços das negociações para pôr fim à guerra comercial entre EUA e China. O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, encerrou com alta de 0,56% em 101.817 pontos.

Em um tuíte, o presidente Trump alimentou esse otimismo ao dizer que se reunirá nesta sexta-feira (11) com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He.

“Grande dia de negociações com a China. Eles querem fazer um acordo, mas eu quero? Encontro-me amanhã com o vice-primeiro-ministro na Casa Branca ”, tuitou Trump.

Os EUA e a China iniciaram suas negociações em alto nível em Washington nesta quinta-feira (10). O comentário de Trump sobre uma reunião com Liu contrastou com a notícia do “South China Morning Post”, divulgada na noite desta quarta (9), segundo o qual os dois lados não fizeram progresso nas negociações comerciais, que tratavam das bases para o acordo principal, e Liu interromperia sua visita e só ficaria um dia em Washington.

As informações do lado chinês também ajudam a aumentar as expectativas de um acordo nesta semana.

Nesta quinta-feira, Liu disse ao jornal estatal chinês “Xinhua” que a China carrega “grande sinceridade” para as negociações nesta semana.

“O lado chinês veio com grande sinceridade e está disposto a fazer sérias trocas com os EUA sobre questões de interesse comum, como balança comercial, acesso ao mercado e proteção ao investidor, e promover progresso positivo nas consultas”, disse Liu.

As conversas estão ocorrendo dias antes das tarifas dos EUA sobre US$ 250 bilhões em mercadorias chinesas subirem de 25% para 30%. Trump disse que o aumento de tarifas entrará em vigor em 15 de outubro, caso nenhum progresso seja feito nas negociações.

Apesar dos sinais positivos, a tensão entre as duas superpotências econômicas ainda existe, uma vez que os EUA anunciaram que mais 28 empresas chinesas entraram na sua lista negra–para as quais as companhias americanas não podem exportar–, por supostas violações de direitos humanos contra minorias muçulmanas em Xinjiang, enquanto impuseram restrições de visto às autoridades chinesas envolvidas. A China respondeu “fiquem atentos”, em uma sinalização que poderia retaliar a lista.

*Com agências

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