Ufa!! O dólar fechou o dia em queda de 0,26% a R$ 4,153, com ajustes de posições do mercado, em um pregão de forte vaivém, com os investidores de olho no desenrolar da guerra comercial entre EUA e China e na expectativa com o rumo das taxas de juros nos EUA e no Brasil. A baixa, porém, não foi suficiente para anular as perdas e a moeda dos EUA encerrou a semana com avanço de 1,60%.
Na mínima da sessão, a moeda americana chegou a cair a R$ 4,1478, enquanto na máxima tocou R$ 4,1845.
Corte mais agressivo nos juros do Brasil afasta especuladores
A semana foi marcada pelas decisões de cortes de juros nos EUA e no Brasil, em meio aos receios de fraqueza das economias. O Fed (BC americano) decidiu cortar sua taxa em 0,25 ponto percentual (para o intervalo entre 2% e 1,75%) e não sinalizou novos cortes até ao fim do ano, enquanto o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil optou por um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual (de 6% para 5,5% ao ano) e ainda indicou que não vai parar por aí.
Com a queda dos juros mais intensa aqui e perspectivas dela se intensificar, o fluxo de capital, sobretudo de fundos especulativos, que viria para o Brasil, com a queda dos juros nos EUA, vai para outros países, como o México.
Além disso, também estressou os mercados o ataque às instalações da Saudi Aramco, que forçaram a Arábia Saudita a cortar pela metade sua produção diária de petróleo, o correspondente a 6% do consumo mundial. O petróleo chegou a subiu 14,6% na segunda com a queda na oferta, mas depois caiu na terça e quarta, com anúncio de que metade da produção foi recuperada e o restante será retomado até ao fim do mês.
O produto, porém, deve terminar com alta de semanal de cerca de 8%, agora também afetado com as perspectivas de uma conflito armado entre EUA e Irã, acusado de ter liderado os ataques à Aramco.
Guerra comercial: avanços ou recuos?
Já a guerra comercial entre EUA e China teve avanços e recuos e acabou trazendo dúvidas ao mercado. O agravamento da guerra afeta o Brasil, que é dependente da venda de matérias-primas para o exterior, que enfraquecido, reduz as compras dos produtos das empresas brasileiras.
Nesta sexta, foi anunciado que os EUA excluíram temporariamente de um total de 437 produtos da lista de tarifas impostas sobre US$ 250 bilhões em importações da China, visto como um alívio à guerra comercial entre os dois países. O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a dizer que queria um acordo comercial completo e definitivo com a China, animando o mercado.
Mas a notícia da CNBC desta sexta de que a delegação chinesa, que está nos EUA para negociar o acordo, deixou o país antes do esperado e não quis visitar fazendas em Montana, estressou o mercado, que agora põe em causa o avanço das negociações para pôr fim à guerra comercial.
OCDE e IPOs em dúvida
Além disso, penaliza o real as novas projeções, divulgadas nesta quinta-feira (19) pela OCDE (grupo das economias mais desenvolvidas do mundo), de que a economia global vai crescer apenas 2,9% em 2019. O FMI (Fundo Monetário Internacional) indica que altas abaixo de 3% podem ser consideradas uma recessão, segundo explicou José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.
O Brasil também sente a queda do preço das commodities (matérias-primas) no mercado internacional e a falta de operações que possam atrair capital.
O IPO (Oferta Pública Inicial), operação para listar ações em Bolsa, do Banrisul, banco do governo do Rio Grande do Sul, foi cancelado nesta quinta-feira. A entrada em Bolsa da empresa de saneamento Iguá também pode não sair, contou Faria Júnior.
A privatização da Eletrobras também foi posta em causa, depois que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que senadores do Norte e do Nordeste, têm receio em autorizar a operação.
O mercado ainda aguarda para a próxima semana a votação da reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e também no plenário, que pode trazer mais volatilidade ao mercado.