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Após bater R$ 4,18, dólar se estabiliza com guerra comercial e Fed no radar

Moeda tem dia de forte vaivém após notícias contrárias em relação às relações comerciais entre EUA e China e anúncio de injeção de liquidez no sistema bancário americano; decisão do Copom e dados da OCDE também afetam humor nesta sexta-feira (20)

Bárbara Leite

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Falta de operações que possa atrair capital ao Brasil também penaliza real- Foto: Reprodução

O dólar, que chegou aos R$ 4,1845 nesta sexta-feira (20) se aproximando do recorde histórico (R$ 4,1957), opera perto da estabilidade, com o mercado digerindo informações relacionadas à guerra comercial entre EUA e China e ao Fed (BC dos EUA) de Nova York e ainda repercutindo a expectativa de novos cortes na taxa básica de juros brasileira, a Selic.

Pelas 15h40, a moeda americana era negociada a R$ 4,166, com alta de 0,03%.

Pela manhã, o mercado testou a tolerância do Banco Central (BC) e puxou a divisa para saber qual nível do dólar a autoridade aceita antes de entrar no mercado para conter a divisa. Depois o anúncio do Fed de Nova York, que vai estender as operações desta semana até 10 de outubro para dar liquidez ao sistema bancário, animou o mercado e fez o dólar cair 0,14% para R$ 4,1615.

Antes, foi anunciado que os EUA excluíram temporariamente de um total de 437 produtos da lista de tarifas impostas sobre US$ 250 bilhões em importações da China, visto como um alívio à guerra comercial entre os dois países.

A expectativa de um acordo comercial entre os países ganhou força após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que quer um acordo comercial completo com a China.

“Estamos procurando um acordo completo. Não estou buscando um acordo parcial”, disse Trump em entrevista coletiva com o primeiro-ministro australiano Scott Morrison.

“A China começou a comprar nossos produtos agrícolas, se você notou, na última semana. E, na verdade, têm sido compras muito grandes. Mas não é isso que estou buscando. Estou buscando um grande acordo”, falou.

Mas minutos depois, a notícia de que a delegação chinesa, que está nos EUA para negociar o acordo, deixou o país antes do esperado e não quis visitar fazendas em Montana, estressou o mercado, que agora põe em causa o avanço das negociações para pôr fim à guerra comercial.

Fora os eventos do dia, o dólar segue pressionado pela expectativa de cortes pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC dos juros brasileiros e manutenção das taxas nos EUA, que está afastando do Brasil investidores que ganham com especulações das taxas de juros.

“O Fed não indicou um ciclo de corte de juros, mas o BC brasileiro sim. Então, o diferencial de juros tende a diminuir”, disse José Faria Júnior, diretor da Warner Investimentos. Isso gera fuga de capital para outros mercados emergentes, que pagam juros maiores do que o Brasil.

Com a fuga, o real cai e o dólar sobe.

OCDE e IPOs em dúvida

Além disso, penaliza a moeda as novas projeções, divulgadas nesta quinta-feira (19) pela OCDE (grupo das economias mais desenvolvidas do mundo), de que a economia global vai crescer apenas 2,9% em 2019, já que o FMI (Fundo Monetário Internacional) indica que altas abaixo de 3% podem ser consideradas uma recessão, explica Faria Júnior.

O Brasil também sente a queda do preço das commodities (matérias-primas) no mercado internacional e a falta de operações que possam atrair capital.

O IPO (Oferta Pública Inicial), operação para listar ações em Bolsa, do Banrisul, banco do governo do Rio Grande do Sul foi cancelado nesta quinta-feira. A entrada em Bolsa da empresa de saneamento Iguá também pode não sair, contou ele.

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