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Queimadas podem fragilizar acordo entre UE e Mercosul; Macron quer debater tema no G7

Para economista, governo brasileiro precisa agir rápido para evitar que repercussão negativa dos incêndios afete o acordo comercial; presidente francês já pediu, pelo twitter, que “crise” seja discutida na cúpula do fim de semana

Bárbara Leite

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Nasa divulgou imagem de fumaça na região da Amazônia, tirada por satélite nesta terça–Foto: Divulgação

A recente repercussão mundial sobre as queimadas e desmatamento na Amazônia devem trazer prejuízos ao Brasil além dos ambientais, atingindo o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, avalia o economista e analista político brasileiro Carlo Barbieri, que preside o Oxford Group, consultoria que atua há mais de 30 anos nos EUA.

Segundo ele, as questões envolvendo a floresta brasileira, que estão sendo amplamente noticiadas no mundo inteiro, devem fomentar o “lobby” contra o acordo comercial entre a UE e o Mercosul, que levou 20 anos de negociação para ser oficialmente anunciado. “O governo brasileiro deve movimentar-se rápido para resolver a questão”, disse.

No Brasil, as queimadas aumentaram 82% entre janeiro e 18 de agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2018. O número de focos é o maior em sete anos, segundo dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), gerados com base em imagens de satélite.

“A capacidade do governo brasileiro para gerenciar e resolver essa questão será decisiva para mostrar ao mundo e, principalmente aos países que não concordam com o acordo comercial UE–Mercosul, como a França, que o Brasil está pronto para gerenciar crises inesperadas e cuidar da própria casa”, pondera Carlo Barbieri.

Para o economista, o Brasil pode perder também o volume de investimentos estrangeiros. O país, que pela primeira vez desde 1998, ficou fora da lista de países confiáveis para se investir, de acordo com a Consultoria Internacional A.T Kearney, está em risco de ter a reputação internacional totalmente abalada.

Somente em agosto deste ano o Brasil perdeu R$9,6 bilhões em capital estrangeiro na Bolsa de Valores. De janeiro a agosto de 2019, o total foi de menos R$20 bilhões de reais de capital estrangeiro, totalmente em fuga do país. 

Macron convoca países a discutir queimadas no G7

Pelo Twitter, o presidente francês, Emannuel Macron, convocou, nesta quinta (22), os países membros do G7–EUA, Alemanha, Canadá, França Itália, Japão e Reino Unido–,as sete maiores economias de países desenvolvidos do planeta, para discutir os incêndios na Amazônia na cúpula deste fim de semana.

“Nossa casa está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica–os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta–está em chamas. É uma crise internacional. Membros da Cúpula do G7, vamos discutir em dois dias este tema emergencial”, diz na postagem.

Bolsonaro contesta dados e culpa ONGs

Nesta quarta-feira (21) pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro classificou como criminosa a série de queimadas pelo país e disse que ONGs (Organizações não Governamentais) de proteção ao meio ambiente podem estar envolvidas nos incêndios ilegais. O aumento do desmatamento levou a Alemanha e a Noruega a cortarem repasses para o Fundo Amazônica, responsabilizando o governo Bolsonaro pela alta.

Bolsonaro voltou a acusar ONGs nesta quinta 22) e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o discurso dos países europeus sobre o desmatamento na Amazônia é uma política para criar barreiras comerciais ao Brasil.

“Só no vinho, os europeus gastam 1,4 bilhão de euros por ano para dar sustentação a produção europeia. Por que eles têm tanto interesse em criar dificuldades ao Brasil? O Brasil é o grande competidor em commodities (matérias-primas), em bens minerais e é o último grande depósito da humanidade em biodiversidade”, disse.

“O Brasil é um país que cuida muito bem do seu meio ambiente. Nós não precisamos de lição de ninguém.”

São Paulo escureceu de dia e Nasa

Nesta segunda-feira (19), uma névoa escureceu o dia em São Paulo, no Mato Grosso do Sul e no norte do Paraná. Meteorologistas apontam que a escuridão na capital paulista resultou da combinação de ventos que levaram material particulado das queimadas no Paraguai, na divisa com Mato Grosso do Sul, com a chegada de uma frente fria com nuvens bastante carregadas.

A Nasa divulgou imagem de satélite, feita nesta terça (20), em que mostra revela uma camada de fumaça sobre a região amazônica. “A fumaça de incêndios florestais na Amazônia se espalha por vários estados brasileiros'” disse a Nasa, na legenda da imagem.

*Com agências

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