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Em dia volátil, dólar dispara mas já caminha para a estabilidade

Vaivém tomou conta do mercado de câmbio desta terça: moeda oscila entre R$ 3,9606 e R$ 3,985; China e fala de membro do Fed estão no radar

Bárbara Leite

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Moeda seguiu o exterior após segunda-feira de caos-Foto:Reprodução

(Publicado às 16h08; atualizado às 18h10)

Depois ter negociado em boa parte do dia em queda, com alívio após decisão do Banco Popular da China (o banco central chinês) para deixar o yuan mais fraco, o dólar virou. Até às 15h, a moeda caminhava para R$ 4, tendo batido, no pior momento do pregão, R$ 3,985. Mais perto do fim do pregão, a moeda vai reduzindo as altas e, pelas 16h, era negociada a R$ 3,9606, com alta de 0,09%.

No fim do pregão, a divisa acabou até caindo ligeiramente: 0,03% nos R$ 3,956. Na segunda-feira, a divisa havia fechado com alta de 1,68%, a R$ 3,957, maior nível desde 30 de maio.

A valorização em parte era explicada pelo discurso do membro do Fed (banco central dos EUA) e presidente do Fed de St. Louis, James Bullard. Em Washington (EUA), Bullard, em tom de resposta ao repto da véspera do presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou que a autoridade não vai mudar sua política ao sabor da guerra comercial entre EUA e China e que o conflito de tarifas já estaria sendo considerado na decisão de cortar ou não os juros.

“A política monetária não pode reagir razoavelmente ao dia a dia das negociações comerciais”, disse Bullard.

Traduzindo, indicou que o Fed não vai reduzir mais as taxas para agradar ao Trump, que quer, com a queda das taxas, baratear os custos financeiros das empresas locais para deixá-las mais competitivas. No entanto, Bullard é um dos membros do Fed que mais defendem que a economia precisa reduzir os juros, para impedir uma desaceleração maior. Em junho, o seu voto foi pelo corte da taxas, que só veio na semana passada, dia 31 de julho.

Cortes dos juros nos EUA tendem a ser positivos para o Brasil, já que, em tese, há uma migração do capital investido para países emergentes, que pagam juros mais altos.

“Pela manhã, o dólar esteve realizando lucros dos exageros da alta de ontem e reagia positivamente ao anúncio do banco central chinês, que indica que, afinal, a China não deu um tapa na cara do Trump. O mercado continua muito volátil. O VIX (“índice do medo”) disparou nos EUA e aqui”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset.

Nesta segunda (5), Trump acusou a China de ser um “manipulador cambial”, depois que o yuan fechou acima de sete yuans por dólar pela primeira vez desde 2008, ano da crise financeira global. Viu na desvalorização uma arma para baratear seus produtos em meio ao anúncio que fez na quinta (1º) de nova tarifação sobre a China em setembro. A partir de dia 1º, mais US$ 300 bilhões de produtos importados da China vão ser taxados em 10%.

Nesta terça (6), porém, a decisão do banco central chinês de estabelecer o valor do dólar contra o yuan em uma taxa maior do que a de segunda-feira agradou ao mercado e foi considerada como uma sinalização para Trump de que o país não deve ir adiante com a depreciação de sua moeda, evitando aumento das tensões com os EUA.

Além de fixar o yuan numa taxa maior do que o estimado, o BC chinês anunciou a venda de US$ 4,2 bilhões em títulos denominados na moeda chinesa no mercado de Hong Kong, medida que deve contribuir para evitar uma depreciação adicional do câmbio local.

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